Os Morenos
Corria a década de 1940 para a de 1950, e um senhor de São Paulo comprou o bar da rua onde eu morava, que estava um pouco em baixa, visto a freqüência, à noite, de vários fregueses metidos a valente. Coisa que era muito comum naquela época. E faziam muita confusão, afastando os fregueses mais pacatos do estabelecimento.
Então o senhor de São Paulo, que se chamava José Moreno, homem sério e equilibrado, não mostrando medo, chamou os valentes de lado e lhes disse: “. Eu quero que os senhores possam continuar aqui freqüentando o bar, pois as portas ficarão abertas a todos, indistintamente. Mas eu ficaria muito feliz, se os senhores não mais espantassem os outros com suas brigas e ameaças se não for pedir muito, e agradeceria a compreensão dos senhores, pois pretendo fazer vida aqui neste bar”.
Depois de alguns dias, o bar do Senhor José Moreno ficou muito tranqüilo, e os antigos freqüentadores voltaram a freqüenta-lo.
Foi ai que eu conheci o Antonio Moreno, um dos filhos do senhor José, e a nossa amizade entrou pela adolescência. Sempre como amigos leais, pois o Antonio tinha muito a oferecer e pouco a pedir, e mesmo depois de casados, eu maquinista de trens e ele no D.E.R., a nossa amizade continuou, mesmo nos vendo muito pouco.
E quando nos encontrávamos era motivo de muita alegria. Ele me contava as coisas de sua casa, esposa e filhos que estavam surgindo, e eu contava da minha esposa e de um filho, que ainda era pequeno. Nos nossos olhos, todos podiam notar que éramos felizes com o casamento e a vida.
Com muito respeito e lealdade mantivemos uma sadia amizade por mais de 50 anos.
Outro dia acabei sabendo que meu irmão Antonio tinha ido atender a um chamado do Nosso Pai, e partiu deixando atrás de si uma esteira de bons exemplos.
Grande amigo, não só meu, mas de muitos que o conheceram.
Bom chefe de família. Ele sempre me dizia: “. A minha maior riqueza é a minha esposa e os meus filhos”.
Honesto, sincero e franco, homens como o Antonio fazem falta neste mundo.
Descanse em paz, Antonio.