HOMENAGEM ÀS MULHERES - SER OU NÃO SER MULHER

**SER OU NÃO SER MULHER **
Jorge Linhaça

Falar de mulheres nesta data, em que todos vão canta-las (no bem sentido)
em prosa e verso, é um exercício mas complicado que o normal.
Como definir a mulher, esse ser de tantas facetas, e que hoje, se confunde,
no ser e no agir, tanto com os homens...
Os papéis andam tão confusos que fica, às vezes, impossível separar alhos de bugalhos.
A "libertação" da mulher ( ou do ser humano em geral ) sempre foi uma faca de dois gumes.
E não apenas para os homens.
Com as mudanças da sociedade nas últimas décadas, as mulheres ganharam espaço em muitos aspectos, por outro lado, perderam a sua identidade feminina em muitos casos.
A masculinização do pensamento feminino, levou a geração de conflitos diversos.
A autonomia feminina, a auto-suficiência, muitas vezes leva ao pensamento de que não é
necessária a convivência diuturna com um cônjuge ( seja qual o for o nome que se de a essa relação)
Não me julguem misógino, nem anti-feminista, não é esse o caso, jamais foi, mas apenas expresso aqui minha visão ( fragmentada ou não ) das relações sociaIs que presencio em vários locais.
Um discurso particularmente interessante é aquele feito por mulheres auto-suficientes, ou independentes, de que não existe a necessidade e nem o desejo de um parceiro em tempo integral.
Homem é bom como amante esporádico, cada um em sua casa, para curtir apenas os momentos mais suaves e românticos de uma relação a dois.
O interessante é que, as mesmas que fazem esse discurso, dizem que precisam de um contraponto em suas vidas, que querem alguém para amar e que as ame profundamente.
Para mim, isso é um paradoxo importante. Senão vejamos:
Como pode alguém, amar profundamente o que não conhece?
Se os casais se encontram apenas para viver momentos agradáveis, apenas na hora do bem bom,
se não convivem sob o mesmo teto, como se pode crer que exista um conhecimento real?
Amar o desconhecido é idealizar um amor que se reveste da máscara dos bons momentos.
Essa atitude, que sempre foi criticada pelas mulheres , como um defeito inerente ao ente masculino,
cada vez mais ganha espaço entre o pensamento feminino...espalha-se como uma rastilho de pólvora, seja verdadeiro ou não o discurso perpetuado.
O fato é que, quanto mais as mulheres se entregam a uma segunda ou terceira relação, mais reforçam o sentimento de inadequação de um relacionamento completo.
Não isento aqui os homens que pensam da mesma forma, afinal vivemos em tempos em que o ter ( dinheiro, prestígio, fama, status, pose, etc) valem mais do que o ser ( honesto, verdadeiro, transparente, objetivo etc)
Mulheres são seres especiais, anjos de luz, mas, quando escolhem tornarem-se receptoras e multiplicadoras dos defeitos masculinos, perdem muito do seu brilho.
Masculinizar-se não é apenas um critério de opção sexual, é muito mais uma questão de opção de vida. É o assumir atitudes masculinas, em nome de uma pseudo-igualdade, é sublimar a alma feminina para tornar-se "forte e competitiva". Os homens ainda tem uma "desculpa" o tal do testosterona que afeta as suas relações, não apenas no âmbito sexual, mas frente à vida.
E as mulheres?
Claro que admiro uma mulher que tem sucesso em seus empreendimentos pessoais, profissionais,
que se destaca como uma guerreira, seja qual for o seu campo de atuação.
Mas por outro lado, o que mais vejo é que o preço não vale a pena.
Examinando o custo-benefício, acabo por crer que, na maioria das vezes, essas mulheres pagam o preço da ausência afetiva, os filhos são supridos de tudo de material que possam desejar, no entanto, o afastamento emocional, causa cicatrizes quase que indeléveis na formação do indivíduo.
Calma lá, sei que existem mulheres que conseguem equilibrar as coisas, que encontram solução para esse problema, ou ao menos acreditam que sim.
Mas a vida tem me mostrado várias situações em que, o comportamento dos adolescente ou adultos, torna-se, em níveis diversos, problemático.
Não estou defendendo que as mulheres deixem a sua vida profissional de lado, longe disso, apenas que encontrem o equilíbrio entre o ser e o ter.
Numa sociedade que cultua o consumismo exacerbado, muitas são as mulheres ( e homens também) que se deixam levar pelo desejo de possuir cada vez mais, e transferem isso para os filhos, como uma forma de compensação pela sua ausência constante. Claro que isso não é, na maioria dos casos, consciente...creio que nenhum pai ou mãe pretenda levar os filhos a um ciclo de falta de limites ou de eterna dependência...mas basta avaliarmos o número crescente de adultos que permanecem morando com os pais depois dos trinta anos....
Não é minha intenção crucificar ninguém, mas creio que uma reflexão nesse sentido se faz necessária.
As mulheres, por suas qualidades intrínsecas, sempre foram o esteio da sociedade, sempre foram o alicerce de um lar...embora o homem tenha desempenhado o papel de provedor das coisas materiais, era em casa que encontrava a base estrutural para manter-se em pé.
Com as mudanças das relações sociais, e isso vem desde a revolução industrial, quando as mulheres e crianças foram agregados como força de trabalho, mão de obra barata, alijadas de muitos direitos.
Creio que a questão não seja deixar de trabalhar ou de exercer as suas atividades, mas sim de buscar aquele tempo necessário para a agregação da família.
A figura masculina tem a sua importância dentro de uma família, é ele que cria os limites de comportamento diante dos filhos. A falta de tal figura ( e isso digo com a experiência de anos de trabalho junto a crianças e adolescentes oriundos de lares desfeitos ou problemáticos ) gera a necessidade da busca em outros lugares, onde a figura de qualquer líder ( pode ser o traficante local ou o Líder religioso ou esportivo etc ) passa a ser um totem a ser imitado.
Alijar a si mesma e aos seus filhos, da presença de uma figura masculina alegando que precisa de liberdade para agir a seu modo, é uma maneira egoísta, e não altruísta ( embora muitas usem esse discurso de não ter alguém ao seu lado por causa dos filhos ) de se viver.
Não vou propor nenhuma fórmula mágica de sucesso, creio que cada um sabe onde lhe aperta o calo e , portanto, cada um deve encontrar os seus próprios caminhos, no entanto pode ser que para algumas e alguns, este meu parecer seja de alguma valia.
Às mulheres maravilhosas, espalhadas pela imensidão do universo, vai o meu carinho e os meus parabéns por cada conquista realizada ao longo de sua jornada.