"Costuras que o Tempo Não Desfaz" (Homenagem às Mulheres de 40 a 100 anos ou mais)
Subtítulo:
"Abro, tiro, fecho > como gaveta de máquina antiga: mulher madura é memória viva, só mostra o que importa, e guarda no peito o que tem valor."
Os tecidos de antigamente, minha fia, vestem é com memória >
igual mulher madura: têm peso, têm caimento e nunca saem de moda.
São feitas de tramas que o tempo não apaga,
de dobras onde a história se acomoda e de bainhas onde o silêncio repousa.
São elas > mulheres de 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100 mil luas 🌙
que aprenderam a costurar a própria liberdade
com linha de resistência e ponto atrás de coragem.
Enquanto o mundo quer selfie, elas querem sentido.
Enquanto a rede julga o corpo, elas bordam presença.
Mulheres que não cabem em filtros,
nem se dobram a padrões que só engessam alma.
Mulheres que correm com os lobos e dançam com suas rugas
como quem honra a travessia.
Não é idade, é enredo.
Não é fase, é costura.
Não é decadência, é poder que não precisa provar nada.
Que fiquem com seus likes e juventude plastificada,
nós ficamos com o cheiro do armário antigo,
o bordado feito à mão e a sabedoria que não se compra.
Porque mulher madura, minha fia,
é aquele tecido que o tempo não rasga.
E se rasgar, ela mesma dá o nó.
E dizem que quando a mulher madura escuta o chamado da alma, ela não volta mais a ser a mesma. Clarissa Pinkola Estés, com seu livro aceso como lamparina de terreiro, escreveu sobre essa loba que mora em nós: instintiva, antiga, selvagem, sábia > aquela que cava com unhas afiadas os ossos do que foi perdido. Não é só metáfora, é retorno ao que fomos antes do medo.
“Ela é a guardiã dos ciclos de vida e morte. A que sabe parir e enterrar.” > escreveu Clarissa, e a gente sente isso nas entranhas.
"Mas a gente, minha fia, aprendeu a criar cantinho até dentro do silêncio. Simone de Beauvoir já dizia que “não se nasce mulher, torna-se” > e a gente se tornou no calor do ferro de passar e na poeira dos dias repetidos.
A mulher madura carrega mitos como quem carrega bordado antigo na palma da mão. Ecoa Perséfone que desceu ao submundo e voltou mais forte. Carrega Iansã que dança no vendaval e acende paixão nos olhos. É Medusa, é Afrodite, é Pachamama: terra que nutre, serpente que muda de pele, ave que se ergue das cinzas.
Os tecidos da vida não são lisos > são tramados com luto, gozo, luta e fé. E mulher madura sabe disso: veste suas cicatrizes como bordado nobre, daqueles que só o tempo ensina a costurar.
Moral da história
minha fia, é que fio que se quebra no meio da costura nem sempre foi fraco > às vezes, foi só a tensão demais de uma vida que não respeita o tempo da mão que borda.
A mulher que aprendeu a costurar o próprio destino com ponto miúdo e firme, entende que beleza não tá no pano novo, mas no remendo bem feito. Que cada ruga é risco do bordado do tempo, que cada cicatriz é costura que não deixou a alma rasgar de vez.
E que a linha mais preciosa não é a de ouro nem de prata, mas aquela que segura as partes de dentro quando o mundo de fora quer despedaçar.
No fim, minha fia, a costura é alma: se não tiver paciência, arrebenta; se bordar com verdade, segura até silêncio pesado.
Homenagem filosófica poética mitológica e muita resenha e vestido de chita costurado a mão agulha é caneta caderno trama de seda fina....
É isso