Minha mãe (pelo Dia das Mães 2025)

Como era bela minha heroína donzela,

a me proteger em seus braços,

muralhas de um castelo!

Sim, heroína e donzela!

Quanta força e vulnerabilidade

ao se tratar de sua cria!

Mexer comigo era desafiar um dragão!

Ao mesmo tempo, que uma simples recusa

a um capricho meu,

lhe causa tanta mágoa!

Doía-lhe causar-me decepção!

Dessa muralha,

qual arqueira, e eu flecha,

lançava-me rumo aos meus sonhos

e sempre me buscava,

quer eu atingisse o alvo,

quer não.

Nessa muralha, fez um ninho,

um vão em seu mundo

aonde eu podia sair e entrar,

encontrar abrigo e descanso,

um lugar para pousar.

Construir tem um peso e um preço,

e eu vi minha princesa se desgastar:

sua pele, seus cabelos, suas mãos,

até mesmo seu olhar.

De certa forma,

ela diminuia enquanto eu crescia;

esquecia, enquanto eu aprendia;

economizava, enquanto minhas necessidades supria;

se calava enquanto eu dizia bobagens;

Passava noites em claro, enquanto eu me restabelecia

ou mesmo ... explorava, experimentava, conhecia.

Era rei, era rainha,

às vezes, bobo da corte,

só para fazer virar sorrisos

meus maus momentos.

Cozinheira, serviçal, conselheira,

tutora, escudeira.

Contadora de histórias -

a melhor!

Cada graveto, cada raminho,

é uma parte dela emaranhada na outra

e na unidade dessa pessoa múltipla

há fecundidade, há vida,

até mesmo após a morte.

Lorena Lira
Enviado por Lorena Lira em 25/04/2025
Reeditado em 11/05/2025
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