MANOEL POMPILIO DA ROCHA FILHO
- O orador que a história não pode esquecer.
Em tempos em que Santo Estêvão clama por lideranças autênticas, de verbo afiado e conduta ilibada, é impossível não evocar a figura altiva de Manoel Pompilio da Rocha Filho. O tribuno cuja voz ainda ecoa nos corredores da memória política da cidade.
Aos 97 anos, fragilizado pelas comorbidades e vivendo sob cuidados numa casa de repouso, Pompilio simboliza uma era em que a política ainda caminhava de mãos dadas com a ética, a palavra e o compromisso com o povo.
Se hoje sua presença é silenciosa, sua história grita. Grita por reconhecimento, por gratidão, por memória. Em uma terra que tem o vício de enterrar vivos os que fizeram sua história, Pompilio é mais um gigante deixado à margem pela amnésia do sistema político.
Mas a memória lúcida dos que o conheceram não aceita esse esquecimento.
Pompilio foi mais que vereador — foi um verdadeiro pilar da democracia local. Um recordista de mandatos legislativos, várias vezes Preside da Câmara, elo direto entre povo e poder, defensor incansável dos interesses populares. Era presença marcante nas grandes campanhas políticas, caminhando lado a lado com nomes como Dr. João Borges de Cerqueira, Lineu Silva, Ismael Ferreira, Edvaldo Silva, Orlando Santiago, José Santana, José Bastos, Antenor Fonseca e Rogério Costa, sendo não só parceiro, mas protagonista em momentos decisivos da nossa trajetória política.
Discípulo intelectual de Juracy Magalhães, compreendia a política como uma missão quase sacerdotal. Sabia que governar era, antes de tudo, servir. Com sua retórica de força serena, enchia os olhos e os ouvidos dos que ansiavam por líderes de verdade.
Tinha um dom raro: usava as palavras como ponte entre ideias e ações, sem jamais perder o tom da honestidade.
Era um “cerimonialista de alma”, um verdadeiro mestre de cerimônias da vida pública, com a elegância de quem sabia entrar e sair de cena sem perder a grandeza.
Sua figura impunha respeito, mas era no conteúdo que morava seu brilho; um PhD em política, respeitado por aliados e adversários, com um faro apurado para articulação e uma biografia construída com coragem, sabedoria e serviço.
Manoel Pompilio não legislou para ser aplaudido — legislou para ser lembrado. E sua ausência hoje não é silêncio, é saudade de um tempo em que a política se fazia com decência.
Essa homenagem, portanto, não é gentileza. É dever. É um ato de justiça a um homem cuja trajetória deveria ser estudada, contada e vivida pelas novas gerações.
Que os jovens de Santo Estêvão não deixem apagar os nomes que acenderam a tocha da esperança. Que olhem para Pompilio como símbolo de que é possível, sim, fazer política com honra, com ética e com paixão pelo bem comum.
Transformar sua história em livro é pouco. Pompilio é capítulo essencial da história de Santo Estêvão. Que sua vida inspire, que sua memória ilumine, que seu exemplo não se cale. Manoel Pompilio, o tribuno da ética e da palavra, símbolo de uma era em que a política era feita com honra e compromisso.
Que esta cidade nunca esqueça: homens como Pompilio não passam pela história — eles a escrevem. Esquecer Pompilio é trair o melhor de nós.
Manoel Lobo.