DR ROQUE COSTA SANTANA
Um Homem à Frente do Seu Tempo
No dia 16 de novembro de 2009, Santo Estêvão e toda a Bahia perderam um de seus filhos mais ilustres: o Dr. Roque Costa Santana.
Era filho do fazendeiro e político Claudemiro Bastos Santana e Maria Costa Santana.
Advogado por formação, político por vocação e fazendeiro por paixão, Dr. Roque foi uma personalidade cuja trajetória se entrelaçou com a história, o desenvolvimento e a alma do seu povo. Era filho do fazendeiro e político Claudemiro Bastos Santana e Dona Mariazinha Santana.
Homem de múltiplas faces e infinitas qualidades, ele se destacou em diversas áreas da vida pública e privada. No mundo do Direito, foi um defensor incansável dos ferroviários baianos.
Seu escritório trabalhista, com sede em Salvador, tornou-se referência em toda a Bahia, cuidando dos direitos e da dignidade de quase todos os profissionais que fizeram da ferrovia um caminho de progresso para o estado. Por esse seu legado, foi reconhecido como o verdadeiro patrono dos ferroviários baianos — título não oficial, mas absolutamente legítimo e honrado.
Se no Direito brilhou como advogado, na política foi ainda mais influente. Articulador habilidoso, respeitado por todos os grupos e correntes ideológicas, Dr. Roque era acima de tudo um homem de pontes — não de muros.
Estava sempre pronto a dialogar, unir e construir. Era presença constante ao lado de grandes líderes, especialmente seu amigo e parceiro político Orlando Santiago.
Seu nome foi por diversas vezes cogitado para disputar a Prefeitura de Santo Estêvão, mas ele sempre recusou com humildade e serenidade. Preferia atuar nos bastidores, indicando nomes, conciliando interesses e garantindo que o bem comum prevalecesse sobre qualquer vaidade pessoal.
A política, no entanto, era parte do seu sangue. Dr. Roque pertenceu a uma família de tradição política e serviço público. Seu primo Linesio Bastos foi prefeito; seu irmão, José Santana, vice-prefeito; e vários outros primos atuaram como vereadores e líderes influentes na sociedade santoestevense. Ainda assim, ele se destacou por sua postura conciliadora, generosa e humana.
Com a crise política que se arrasta por Santo Estêvão, a ausência de um homem como Dr. Roque Costa Santana se faz ainda mais dolorosa. Falta-nos sua sabedoria serena, sua capacidade de diálogo, sua integridade inegociável.
Que ao menos não deixemos que homens como ele morram duas vezes — uma no corpo, outra na lembrança do povo. Triste é ver que os novos líderes, ao invés de honrarem a memória de nossos heróis, estão sepultando na tumba do esquecimento aqueles que verdadeiramente construíram a nossa história.
Dr. Roque não era apenas parte do passado — era ponte para um futuro mais justo, mais humano e mais decente.
Apaixonado pela vida rural, foi um dos mais conhecidos criadores da raça campolina na Bahia, tendo, inclusive, um cavalo campeão nacional — orgulho da sua querida Fazenda São Luiz.
Foi o grande precursor das cavalgadas de Santo Estêvão, movimento que uniu tradição, cultura e identidade, tornando-se símbolo da cidade e expressão viva do amor sertanejo à terra e aos animais.
Dr. Roque era, ao mesmo tempo, urbano e rural. Sabia subir com elegância às tribunas dos tribunais, mas também sentar-se com naturalidade nas varandas das casas simples dos camponeses, onde passava longas tardes de prosa.
Amava ouvir os “casos e causos” dos homens do campo, suas memórias, lutas e conquistas. Gostava de conhecer a história da sua terra não apenas pelos livros, mas sobretudo pelas vozes simples e sinceras do povo que o admirava.
Era nesses encontros que alimentava sua alma e fortalecia seus laços com as raízes mais profundas de Santo Estêvão.
Apesar de residir em Salvador, Dr. Roque jamais se desligou de sua terra natal. Santo Estêvão era extensão de sua alma. Estava presente toda semana, ou mesmo fora do calendário, bastando que alguém pedisse sua presença.
Era como se a cidade o chamasse, e ele, sensível como era, jamais recusava o chamado.
Casado com a Dra. Maria Auxiliadora, cirurgiã-dentista dedicada e parceira de todas as horas, foi pai de três filhos — dois advogados e um administrador — todos herdeiros não apenas de seu nome, mas sobretudo de seus valores: integridade, trabalho, generosidade e amor à família.
Mas, talvez, sua maior marca tenha sido a bondade. Dr. Roque era, antes de tudo, um homem bom. Caridoso, atento às necessidades dos outros, acolhedor com todos, indistintamente. Era daqueles que ouviam antes de falar, ajudavam antes de perguntar, apareciam antes de serem chamados.
Partiu cedo demais, aos 66 anos, quando ainda havia muito a construir, aconselhar e viver. Sua morte deixou um vazio difícil de preencher — mas seu legado permanece. Vive na memória de quem o conheceu, nas histórias contadas à beira das estradas, nas lembranças das cavalgadas, nos julgamentos vencidos, nos acordos selados com um aperto de mão e na fé inabalável de que um homem pode, sim, mudar a vida dos outros com humildade, coragem e amor.
Dr. Roque Costa Santana não foi apenas um advogado, político ou criador de cavalos. Foi um pilar da sua cidade. Um homem inteiro, que viveu com propósito, serviu com paixão e partiu deixando rastros de luz por onde passou.
Que sua memória continue sendo bênção e inspiração para as futuras gerações.
Dr. Roque não foi apenas um homem do seu tempo — foi o tempo inteiro de um povo que hoje clama por memória, dignidade e direção.
Manoel Lobo.