(Omara)vilha

Foi-se mais um José,

depressa,

sem pressa,

no seu embalo

sozinho,

no açoite da noite

partiu sem aviso

agora o riso é raso

por causa

do causo do acaso de Omara

e até me entalo

com a tristura que tritura,

que dói

calo que machuca tanto

tanto que me calo

Não era qualquer Zé,

desses que atravessam o “rio da vida”

sem antes (omara)vilhar a gente

com seu abalo,

Era redemoinho, maremoto

um eviterno afoite,

negritude de atitude, afoito

que passou, foi-se embora,

que ficou, que de(mora)

nas lembranças que ora exalo

Uma figura que fulgura,

uma espécie de herói (que resiste, que existe)

E das tantas histórias que contou,

encantou-se numa delas:

Caraibeirizou-se,

fincou raízes no chão da praça

pra renascer

e florescer

entre as estrelas de pedra

pra fazer sombra pro poeta

ser a própria poesia

ser abrigo pro amigo

“pra mirar o rio São Francisco

e o tremular da bandeira de São Benedito”,

o santo preto,

tão bendito

quanto o(mara)vilha.

Omara vive!