HERCULANO ALENCAR

Dentre os amigos escritores deste Recanto, há um que considero genial. Meu caríssimo amigo Herculano faz questão de me visitar quando pouso em São Paulo. Piauiense vencedor, conquistou tudo! Desde a Faculdade de Medicina do Recife até o reconhecimento da São Paulo - Meca tupiniquim. Doutor e Pós-doutor, no entanto, ele é mesmo em versos. Seus sonetos são verdadeiras obras de arte. Inspiram-me sempre! Querem ver?

SAUDADE EM PRETO E BRANCO

Quisera uma aquarela na saudade

Rever o tom vivaz da infância ida

As cores que marcaram cada idade

O rubro adolescente e a dor sofrida

Rever os meus virentes verdes anos

Quiçá mudasse um pouco os velhos planos

E assim a sentiria colorida...

(“Colorindo a saudade” com o mestre Herculano Alencar.)

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O VELHOTE & A MORTE

Um velhote cansado e já sem norte

Arrasta-se à ladeira ao meio-dia

Com uma carga que bem se parecia

Mais pesada que as forças do seu porte...

Eis que enquanto ralhava com a má sorte

Uma queda das grandes lhe ocorria

Emendando a lamúria-latumia

Em um brado chamou a negra morte...

Mal abriu os olhinhos no mormaço

Com o feixe de lenha ao espinhaço

Divisou a malvada e seu cajado...

Matutou bem depressa e emendou

Fui euzinho, sim senhora, quem chamou

Ajude aqui que o feixe tá pesado...

(Ao Mestre sonetista Herculano Alencar e sua “Última Metáfora”.)

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NARCISO E ERASMO

A mim alvejaste em cheio

E sem qualquer arrodeio

Fiquei de espelho na mão

Me confesso um tanto pasmo

Teu vaticínio é preciso

Às vezes me vejo Erasmo

Pois não me aceito Narciso

( Ouvindo a "Autocrítica" de Herculano Alencar. )

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JOÃO DO VALE

Grande nome do nosso cancioneiro

João do Vale era gênio musical

E na voz de Jackson do Pandeiro

Deixou hinos da alma nacional

Com ele a ema gemeu

Fulô e peba valeu

Maranhense genial...

(Se "João do Vale, vale a sua história", junto-me a Herculano Alencar para homenageá-lo.)

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SONETO SURREAL

Na tal lista herculana surreal

Cabe mais, podes crer, senão vejamos

A quietude contida em Albert Camus

A maquiavélica inocência Nicolau

Um Machado direto e informal

Ou Fernando Pessoa sem reclamos

A alegria da vida seca em Ramos

E um Drummond sem a pedra em seu bornal

Toda a paz do vermelho em Caravaggio

Grita Munch à alma o apanágio

Shakespeare perde a crença no amor

Mas o ápice do extremo surreal

É o retorno à forma original

Das dalílicas figuras-salvador…

(Para a “Lista surreal” do Mestre Herculano Alencar)

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RAI MUNDOS

Fosse eu o Raimundo de Drummond,

talvez viesse ao meio, aliterado

ou o tal por Maria abandonado

no poema “quadrilha”, também bom...

(Sendo raimundos de Drumond, eu e o mestre Herculano Alencar, enquanto visitávamos “O mundo poético de Einstein “.)

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NÓIS, OS VIRGULINO

Épico: “Nois, Os Virgulino”

Desse Herculano Alencar

Que o faz inda mais divino

Se arresorve decramar

Diria que é mêrmo um hino

Das coisas do meu lugar

Nem João Cabral sivirino

Cunsiguiu interpretar

A alma do nordestino

Tão plural, tão singular...

(Garimpando no Recanto, e sei que muito mal guio, encontrei uma obra-prima, gravada em divino áudio. Era: “Nóis, os Virgulino” de um Alencar, seu menino! Encheu-me de orgulho e gáudio!)

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A ALTURA DO SONETISTA ALENCAR

Digno de Dante, de Camões, Petrarca; iguala, em filosófico, o próprio Sócrates, presente de um pupilo de Hipócrates, vinte e dois versos de herculana marca.

(Para Herculano Alencar, “O Sócrates Hodierno”.)

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ALENCAR O FILÓSOFO

Perfeição em forma e conteúdo

No verso Herculano Alencar

Texto escorreito e classudo

Permite-nos interrogar

Um Doutor que jura a Hipócrates,

Também pode honrar a Sócrates,

Em franco filosofar?

(Parto “Em busca do saber”, sem certeza de encontrar. A menos que escolha ler o Herculano Alencar.)

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FILOSOFANDO

( “O afeto ou o ódio, mudam a face da justiça. – Blaise Pascal”)

Um soneto que extasia

Pelo teor da mensagem

Profunda filosofia

De um brilhante personagem

Na física e na matemática

Ensinou que a vida prática

Não é mais que uma viagem…

(Comentando o “Prejulgamento” do filósofo Herculano Alencar.)

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POETA CUNHA LIMA

PPartiu Odir Cunha Lima

OO Mestre-mor sonetista

EEstrela de verve fina

TTalentosíssimo artista

AAgora seu belo canto

CCompleto hino de amor

UUm mimo ao Deus criador

NNão soa mais no Recanto

HHoje o vento sopra triste

AA brisa quieta assiste

LLamenta por seu escriba

IIrá juntar-se aos gigantes

MMaiores representantes

AArtistas da Paraíba

(Quando o Mestre Herculano Alencar diz que “Nenhum adeus se dá uma só vez”. Vale um soneto-acróstico para aplacar um pouco a saudade.)

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Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 23/03/2025
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