QUEM SOU EU ?
QUEM SOU EU?
( LAMENTO)
Moro na Praça Cônego Lopes, aqui em Calambau. Sou uma das construções mais antigas da cidade e por isso faço parte da história local, com muito orgulho.
Quando terminou a minha construção, na segunda metade do século XIX, eu era a mais imponente do Largo da Matriz. Como ficava ao lado da Igreja antiga, sempre era admirada por todos. Depois de um certo tempo, fui doada à Paróquia de Santo Antônio de Calambau pelo meu proprietário Pio Martins Guerra, em 1877. Como passei a ser um Patrimônio da Paróquia, muitas pessoas me chamavam de “Patrimônio”.
Quando ainda pertencia à Paróquia, nas minhas dependências funcionaram as Escolas Reunidas Cônego Francisco Lopes, cujas repartições foram modificadas para esse fim.
Esta Escola foi criada em 16 de julho de 1944, pelo Governador Benedito Valadares Ribeiro.
Para mim, era uma alegria receber os alunos nos turnos da manhã e da tarde. Nos recreios, os alunos se espalhavam pelo Largo da Matriz com as suas brincadeiras. Os meninos jogavam bola e as meninas, dentre outras brincadeiras, brincavam de roda.
Nessa época, destacava-se a jovem diretora Maria de Lourdes Carneiro Peixoto, recém-formada pela Escola Normal N.Sra. do Carmo, de Viçosa. Pela sua capacidade, era muito respeitada pelos alunos e admirada pelas professoras. Dona Lourdes foi a primeira diretora de uma escola pública em nosso município e muitas gerações passaram pela sua direção.
Por tudo que ela representou para a nossa cultura, eu ficaria muito contente se o auditório do Centro Cultural Pedro Maciel Vidigal, que já abriga a Biblioteca Municipal, a Corporação Musical Santo Antônio, a Sede dos Congados e o Departamento de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo do Município, recebesse o nome de Salão Professora Maria de Lourdes Carneiro Peixoto, numa homenagem mais do que justa à Dona Lourdes.
Em 1954, essa Escola foi transferida para o Grupo Escolar Gov. Clóvis Salgado, recém-inaugurado em nossa cidade.
A partir daí, as minhas dependências sofreram novas modificações e se transformaram em um salão de teatros, reuniões, conferências e outros eventos culturais.
Nas peças teatrais, dirigidas por Dona Lourdes Carneiro e Dona Pergentina Romualdo, destacava-se
a atuação da juventude feminina e das crianças.
Para os homens (jovens e adultos) destacava-se a atuação do Sr. Matias de Moura, que dirigia a apresentação de vários dramas e comédias que faziam a alegria do público presente.
A minha maior alegria foi oferecer o meu andar térreo para os ofícios religiosos durante os anos da construção da nova Matriz. O Padre Grossi fez as modificações necessárias para este fim.
Hoje, orgulho-me de ser o Centro Cultural Pedro Maciel Vidigal, calambauense que tem o seu nome reconhecido, na cultura mineira e brasileira, como autor de vários livros e colaborador de vários jornais do Brasil.
Por tudo que já ofereci a essa comunidade, mereço ser respeitada e não deixada ao abandono. Por fazer parte dessa bela história de Calambau, conto com a sensibilidade da Administração Municipal para transformar meu segundo andar em um auditório, onde poderão funcionar reuniões, apresentação teatrais, palestras diversas e outros eventos culturais.
Assim seja!
05.01.25
Murilo Vidigal Carneiro