À CELESTE MARIA MASERA LOURENÇO
15 de fevereiro de 2025... Lá fora, a água caía torrencialmente. Em meu peito, tristeza e dor. De meus olhos choviam desencantos e nostalgia. Os ruídos da chuva e os das lágrimas se confundiam, um misto de melancolia e de solidão. Em meu peito, uma energia estranha, sufocante e forte.
Entorno das 14 horas, fui informada pela portaria que haviam deixado, na administração, um pacote para mim. Uma hora depois, desci para retirá-lo. Em casa, ao abri-lo, o conteúdo deixou-me surpresa: um envelope pardo com papéis, cadernos e livros antigos, judiados pelo tempo. Ao manuseá-los, emoção e felicidade adentraram meu ser. Este acervo fantástico continha Sonetos da Poetisa Celeste Maria Masera Lourenço e de seu esposo. O mal-estar que estava sentindo sumiu. Era só alegria! Na hora, liguei à Luciane Pires Ferreira, filha da Ex-Presidente, a Sra. Alba Pires Ferreira e, após, a Lorena de Souza Fontoura, atual Vice-Presidente. Ambas, compartilharam emoção, alegria e felicidade comigo. Uma pergunta: - Quem enviou? No pacote não tinha remetente. Mil hipóteses! Como saber?
Por cinco dias, no "Google" procurei dados do filho da Sra. Celeste Masera. Nada! Recorri ao Instagram, onde o localizei e, entusiasmada, deixei-lhe um mensagem. No dia seguinte, nada! Como sou ansiosa, fui aos seus seguidores! Nele, encontrei o nome do esposo de uma colega. Deixei-lhe uma mensagem, solicitando o contato do amigo e, ainda, pedi à colega que avisasse o esposo. No dia 21, recebi a primeira mensagem do Sr. Caio Graco Masera Lourenço, respondendo a todas as perguntas que eu fizera. Além de nos autorizar a publicar os sonetos e os poemas de seus pais, está sendo um grande colaborador. Caio herdou o dom dos pais e do avô materno. É um poeta maravilhoso!
A Poetisa Celeste Maria Masera Lourenço nasceu em 17 de março de 1929 e faleceu em 07 de junho de 1998, em Porto Alegre/RS. Em 20 de novembro de 1966, fundou a Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves e o Clube Infanto-Juvenil Erico Verissimo, em Porto Alegre/RS. Na ocasião, teve como colaboradores: Vitalina Rangel do Amaral, Dora Conrad, Maria Carracedo Pampim, Virgínia Michelin, Cezarina Barreto Ayres e José Cezar Barreto Ayres, que, juntos, muitas horas abdicaram dos lazeres familiares e com amigos em prol da Organização da Academia. Orgulhava-se por ter a Castro Alves nascido na década de 60, época da explosão da Música Popular Brasileira, tendo 1965 marcado o início dos grandes festivais da música brasileira, promovidos em São Paulo e, que, gradativamente, aos outros estados. Em 1966, a literatura empenhou-se em retomar o seu espaço. Celeste Maria Masera Lourenço e outros idealistas culturais ao criarem Entidades Literárias e Culturais, objetivavam a propagação das artes.
Este E-Book contém sessenta sonetos da Poetisa Celeste Maria Masera Lourenço. Alguns, líricos e ternos; outros, críticos e engajados em problemas sociais. Todos, fascinantes registros de emoções e sentimentos numa linguagem viva e envolvente.
A Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves e o Clube Infanto-Juvenil Erico Verissimo, através deste E-Book, reafirmam a singularidade das produções de nossa Presidente Fundadora, que, nestas, recria a vida, desvendando significados, traduzindo momentos e situações ao valer-se de expressivas imagens e de um olhar sensível.
Dentre os vários temas explorados pela Poetisa do Coração, há a presença forte do seu dia a dia e de cenas comuns da vida, que ganham um tom poético ao serem convertidos em artes líricas, elementos que me fizeram lembrar de um pensamento do poeta gaúcho Mario Quintana: "Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente... e não a gente lendo ele!”.
COMO O SOL...
Celeste Maria Masera Lourenço
Como o sol que penetra de mansinho
No aposento sem cor de quem padece
Tu vieste com o máximo carinho
Suavizou a dor que me enlouquece.
Tua palavra foi tal qual o vinho
Que transmite esperança e fortalece
E meu ser que se sentia sozinho
Teve a impressão que Deus lhe ouvira a prece.
Eu pedi ao Senhor: "Manda-me agora
Aquela flor que só esperança encerra
Ou uma estrela que anuncie a aurora”.
E tu entraste, assim, envolta em véu
Tu és flor que Deus que deixou na terra
Ou és a estrela que rolou do céu?