Adeus à velha casa.

Estou me despedindo das paredes do meu apartamento, quase abraçando-as fraternalmente, enxugando minhas lágrimas para dizer adeus.

Sou sozinha. Meus cacarecos, minhas tralhas, meus poucos livros, a contraponto do que me era disponível na casa de meus pais, as panelas, os talheres, o sofá, o colchão de solteiro, tudo me faz parecer tão adulta, tão sozinha.

Uma solidão amena, delicada, que não injuria, acalenta. Nas noites mais frias sinto falta de um abraço, de um carinho, como todos os seres humanos sentem, me disseram certa vez que seria fraqueza, discordo, chamo carência.

Não me sinto fraca por querer alguém, e por muito, penso que sou forte, poucos agüentariam minha solidão, voltar para o apartamento sozinho onde os únicos amigos são paredes e chão de perflex imitando madeira.

Agora é adeus. Deixo as marcas de tinta guache na parede como resquícios da minha vida aqui, do que vivi com outras pessoas e o que, principalmente, vivi sozinha.

Vou embora para o convívio, morarei com mais pessoas, sinto que serei menos sozinha. Que pena.

Liviuca
Enviado por Liviuca em 22/01/2008
Código do texto: T828470
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