JÁCIO, UM CIDADÃO

(1959-2025)

"O conheci ainda bem jovem, quando ajudava o seu tio paterno, que era proprietário de uma cigarreira no Alecrim, que ficava enfrente ao Cinema São Luiz, na Avenida 2. Ali comprei minhas primeiras revistas (...)".

Este fragmento é do escritor e pesquisador Gutemberg Costa, que se antecipou e escreveu o que eu gostaria de ter escrito para falar sobre Jácio Medeiros Torres. Nossa História é igual e muitas vezes nos encontrávamos por lá.

Em 1996, quando resolvi organizar e criar o Rio Grande - Fã-Clube John Wayne, frequentava vários Sebos, na época Jácio tinha seu estabelecimento na esquina da rua da Conceição, porta com porta com o Instituto Histórico e Geográfico do RN, na Cidade Alta. Tantas e tantas vezes sentei num banquinho de madeira para "garimpar", em meio a tanta poera, naquelas prateleiras "apipapadas" de revistas, livros, entre outros itens. O amigo SEMPRE me deixou muito à vontade, para mais tarde dizer:

- "John Wayne", eu tenho um negócio bom ali pra tu!

Como disse acima, ele SEMPRE me deixou muito à vontade, de modo que JAMAIS interpretei sua atitude - em me deixar à vontade, com o melhor para o final - como "estratégia de venda". Detalhe: independentemente do tempo que eu passasse ali, se comprasse algo ou não, Jácio SEMPRE teve o mesmo tratamento para comigo. Na saída, dizia:

- Vá não, rapaz, fique mais um pouco.

Para fazer graça eu respondia:

- Posso não, Jácio, se não "dona" Graça dá neu!

A "mundiça" caia na gargalhada... Sempre nos mostrando tranquilidade, sem demostrar o menor traço de animosidade, Jácio era um comerciante nato, recebendo todos com sua simpatia, e JAMAIS o vi fomentando algum tipo de "tramenha", enrolada, com o cliente, tentando tirar vantagens, ou algo parecido Ao contrário: facilitava a venda. Sua esposa Vera, a propósito, NUNCA foi diferente.

Há cerca de dez anos, seu enorme estabelecimento, então na avenida Xavier da Silveira, em Lagoa Seca, sofreu um terrível incendio. TUDO, TUDO, TUDO (revistas, livros, quadros e outras peças de antiquário, discos de vinil, CDs, DVDs, fitas VHS, fitas K-7) virou cinzas. Não sobrou NADA para contar a história. Aliás, O que o fogo não destruíu, a água do Corpo de Bombeiros se encarregou do "tiro de misericórdia". Faz parte! Jácio se reergueu com a ajuda dos amigos num mutirão de doações diversas. Não demorou e grande parte do acervo estava refeito. Então ele foi ali para a avenida Senador Salgado Filho, quase esquina com a Bernardo Vieira, em Lagoa Seca. Mas há alguns anos estava na avenida Prudente de Morais, no mesmo bairro. Agora uma enfermidade nos leva Jácio Medeiros Torres.

Desejo expressar o meu mais sincero sentimento de pesar à Verinha e seu filho, extensivo aos amigos e clientes em geral.

Chico Potengy. 🖤🌵

Cidade do Natal (RN), tarde chuvosa de 04 de fevereiro de 2025.

chico potengy
Enviado por chico potengy em 04/02/2025
Reeditado em 04/02/2025
Código do texto: T8257269
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