Consciência Infantil
Santa Inocência
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Brincavam as duas, alegremente, no quintal.
Um velocípede surrado servia de transporte para elas.
Enquanto todos conversavam dentro da casa, não percebiam o quanto aquele momento era importante pr’as meninas. Percebi que o papo lá fora estava animado, faziam perguntas de suas vidas (que contavam apenas com três anos vividos), mas o suficiente para construir alguns pequenos conceitos e, surgir as primeiras dúvidas.
Da janela da cozinha me peguei a espiar, encantada com aquela cena, que trazia-me tão boas lembranças. Prendi a respiração ao ouvir uma pergunta:
__Ana Clara, por que você é assim ?
__Assim como ?
__Sem tinta, ué !!!
Ana Clara, parou, olhou seu bracinho, colocou-o colado ao da amiguinha Luana e disse :
__Ahhh, Luana, então você não sabe ?
quando eu nasci minha mãe não encontrou tinta para me pintar e meu pai não estava aqui na hora para ir comprar !
Dando-se por satisfeita, Luana pôs-se a sorrir e pedalar o velocípede e encontraram logo outro assunto.