Diálogo poético com Florbela Espanca _ Soneto: Vaidade
Vaidade
Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!
Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...
(Florbela Espanca)
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Sonho que sou poetisa e escritora
A que sabe manejar seus devaneios
Que sempre os dá vida, a cada aurora
A fim de abraçar universos alheios
Sonho que meus versos possam iluminar
Aquele que carece de um amparo
Mesmo os capazes de tudo suportar
Mesmo o iconoclasta e o bárbaro
Sonho que alguém nesse grande universo
Que em sua essência seja tão intenso
Qual esta que no peito arde a flama
Pois quanto mais nesta sina, me rendo
E quanto mais, sigo nela escrevendo
Mais anônima!... mas o dever me chama
(Giselle Vitorino)