Estrafego
Aquela mulher ao passar em frente a minha casa, se encontrasse alguém, berrava “estrafego” (ê).
Passei a entender aquilo como se fosse um cumprimento como oi, bom dia, alô, etc. Com o tempo achava aquilo diferente e comecei a traduzir. Para mim, quando ela vinha eu dizia para mim mesmo:
- Lá vem o estrafego da Juça. Lá vem a porra-louca, a brincalhona, a divertida da Juça.
O nome da tal mulher era Juçanã ou Juça como era conhecida.
Hoje ela não nos cumprimenta mais desse jeito. Traz jornais da cidade para a minha família, depois de lê-los a todos.
Gosta de tudo: jornais, gente e animais.
Vai às missas todos os domingos e para não chamar a atenção fica lá no fundo da igreja.
Vi no dicionário que estrafego significa o ato de dilacerar. Só sei que quando jovem ela dilacerou muitos corações. Tinha o dom de abrigar e acolher os corações perdidos. Hoje transmite alegria, sabe de tudo o que acontece na cidade.
Para ti Juça, um grande Estrafego.
Nota do autor: Essa mulher já não está entre nós. Por sorte publiquei esse artigo homenageando-a quando ainda estava com vida, num jornal de Laguna. As palavras dela não me saem da cabeça:
- Aroldo que bom que me homenageasses enquanto eu ainda estou viva. Muito obrigado.
Aroldo Arão de Medeiros
28/04/2001