Jean Humbert Antoine du Noday
Por Nemilson Vieira de Moraes (*)
No inverno de 1899 (ano da morte dum Presidente francês), clima oceânico...
Num distante, e majestoso castelo — após, seu nascimento, choro e amamentação, Jean Humbert Antoine du Noday é consolado, e dorme agarradinho com a mãe.
Naquele dia, Jean, era o dono da festa, o centro das atenções naquele lindo castelo.
No conforto de um berço de ouro, o menino crescia em estatura e sabedoria; nas graças de Deus. Naquele ambiente vivia com os irmãos; envoltos entre os ternos mimos do pai e os doces afagos da mãe.
"O homem planeja e Deus maneja"...
Na vida adulta, Jean sentou praça nas Forças Armadas do seu país, e chegou ao oficialato no cargo de Tenente do Exército Francês. — Nessa instituição de segurança nacional, a qual servia, era admirado, querido e respeitado por colegas de farda e superiores.
A sua participação na missão humanitária que fez pela África, foi a ele uma grande escola de vida... Um degrau significativo, rumo a um trabalho futuro, ainda mais excelente: o de assistência espiritual, às pessoas...
E, com a determinação de quem sabia onde chegar; e o que desejava de melhor, ao seu semelhante, tomou para si, às palavras sagradas, ditas ao profeta Isaías:
"O Senhor mandou-me anunciar a boa nova aos pobres, curar os corações feridos, consolar todos os aflitos" (Is 6,1-2).
Se preparou para a grande missão sacerdotal pela frente: entrou para o seminário e meteu a cara nos livros: religiosos e seculares. Tomou gosto pelo saber; pelo conhecimento das coisas espirituais e terrenas.
Leu e releu alguns escritos sobre o Brasil; sua população e modos de vida de sua gente. Soube como viviam seus habitantes, nos vários lugares por aqui, ainda tão pouco desenvolvidos...
E sonhou como ninguém: em desenvolver a sua missão sacerdotal ao lado desses povos menos favorecidos.
Veio sem muito pensar, mesmo sem o domínio da língua portuguesa. Mas, no pouco tempo que teve na "Cidade Maravilhosa" aprendeu o português; suficiente para se comunicar.
A ponto de se tornar-se professor de faculdade e realizar, com desenvolturas suas demais ações nos trabalhos eclesiásticos, em cidades do nordeste goiano.
Se inspirou em santo Inácio que dizia:
"Quem descobre Jesus, profundamente, torna-se apóstolo e missionário, ao natural". — Santo Inácio
Assim, "seus propósitos, intenções e sonhos mundanos são abandonados para se tornar um humilde peregrino, obediente à Igreja, aos superiores e apaixonado pelo Senhor do Reino".
De Jean Humbert Antoine du Noday, após sua ordenação no Brasil, a Bispo, ganha um nome religioso: e passa a ser chamado de Dom Alano Maria du Noday.
Pelo sonho de amor que cultivou até o fim da sua vida. Comunidades de várias cidades de Goiás e Tocantins, foram e ainda são, agraciadas, pelos feitos missionários desse incansável sacerdote, que, uma vez rico, se fez pobre, apenas para servir seu semelhante (em especial, os menos favorecidos).
Combateu o bom combate e alcançou o seu propósito: ao cumprir sua missão episcopal, no viver exemplar, na pregação da boa nova, no guardar de sua fé.
Seu Espírito retornou ao Pai que o deu e seus féretros mortais descansam na paz dos justos; na Catedral de Porto Nacional.
— Ao lado de dois irmãos do episcopado: um conterrâneo e um brasileiro.
Sua missão e decisão, de viver uma vida piedosa, de renúncias, desapegos de bens materiais, e fuga da aparência do mal; dos prazeres efêmeros da vida...
E numa dedicação por inteiro, na pregação do Evangelho, assistência espiritual, aos pobres desse mundo, resultou-lhe num processo de beatificação; que corre, no Estado do Vaticano (ao seu favor).
*Nemilson Vieira de Moraes,
Acadêmico literário (da ANELCA e ALB/MG)
(14:20:24)