DIA DOS PAIS SEM ELE
(Texto de 02/08/2011, uma homenagem ao meu pai, falecido em 01 de agosto daquele ano.
José Olímpio de Queiroga Filho - 13/08/1922 + 01/08/2011.)
Meu beijo saudoso, Dedé !
Acordei pensando nele, será o primeiro dia dos pais sem o meu "velho".
Corri pra registrar, e só então vieram-me as primeiras lágrimas, ausentes na última despedida.
Continuava intrigado, por que será que não chorei, como meus inúmeros irmãos ?
Dormi com esta pergunta ecoando ao inconsciente. De manhã, junto com o sol, veio afinal a desejada explicação.
Eu fui muito feliz com meu pai; recebi dele o amor que, pródigo, distribuiu com fartura. Desfrutei de seus conselhos, admirei-o, imitei-o com orgulho, pude ser seu amigo e por fim, recebi a grata honraria de ser seu cuidador.
Revirando na mente o baú de presentes que me legou, encontrei muitos e valiosos. Alguns simples e passageiros, como o gosto pelos carros e a busca permanente pelo Eldorado, onde “juntaríamos o cobre com os dois pés e as duas mãos”; outros menos visíveis, porém mais valiosos, como a certeza de que o melhor carro é sempre o nosso, independentemente de cor, estilo, grife etc; e que o dinheiro só tem valor se formos livres para usá-lo como quisermos, colocando-o no justo lugar, de preferência em seu caso, num carro novo, este sim, agora o melhor.
Ganhei incontáveis conselhos, quase sempre sobre a difícil prudência, "escolhe bem tuas companhias meu filho", este em especial acho que aproveitei bem, a qualidade dos meus amigos deve depor a meu favor.
Finalmente, uma jóia preciosa, o gosto pelo serviço, olho em volta e começo a notar que me cerquei de vários amigos com igual predileção; foi com meus pais, e com ele em especial, que aprendi a me deleitar com este prazer silencioso, talvez nem mesmo ele tivesse tal consciência.
Hoje concluo, que a felicidade e alegria de viver que eram só suas, provinham principalmente deste prazer, poder amar e ajudar aos outros.
Lembro-me agora, do orgulho que meu pai sentia pela oportunidade de ter cuidado do meu avô na velhice do mesmo e agradeço a Deus por ter me concedido igual graça, pois entre tantos e amados filhos, de sangue e de coração, fui agraciado com tão grande honraria.
Por fim, perdoem-me se possível, acho que não chorei porque, além do sentimento de dever cumprido, sinto que o devolvi feliz(eu e ele) ao Criador.
Quem sabe, relembrando um ritual que ele insistia em repetir neste último ano doente, quando não se deitava sem antes cumprimentar e beijar uma foto do seu velho, talvez este seja o seu Dia dos Pais especial, em que vai pôr fim à saudade do seu, enquanto apenas começo e agora choro, a minha.
Deus sabe, e cuida dele agora.
(Desce o pano e o pranto…)
.
Stelo Queiroga
.