De Maria nunquam satis
"Toda a sua vida Maria Santíssima permaneceu oculta; por isso o Espírito Santo e a Igreja a chamam 'Alma Mater' - Mãe escondida e secreta (1). Tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus.
'Para atender aos pedidos que ela lhe fez de escondê-la, empobrecê-la e humilhá-la, Deus providenciou para que oculta ela permanecesse em seu nascimento, em sua vida, em seus mistérios, em sua ressurreição e assunção, passando despercebida aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios parentes não a conheciam; e os anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: 'Quae est ista?'... - 'Quem é esta?' (Ct 3,6; 8,5) pois que o Altíssimo lha escondia; ou, se algo lhes desvendava a respeito, muito mais, infinitamente, lhes ocultava.
'Deus Pai consentiu que jamais em sua vida ela fizesse algum milagre, pelo menos um milagre visível e retumbante, conquanto lhe tivesse outorgado o poder de fazê-los. Deus Filho consentiu que ela não falasse, se bem que lhe houvesse comunicado a sabedoria divina. Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem, e apenas no que fosse necessário para manifestar Jesus Cristo. E, no entanto, ela era a Esposa do Espírito Santo."
(1) Antífona à Santíssima Virgem para o tempo do Natal; hino "Ave Maris Stella"
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MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. Petrópolis (RJ): Vozes, 2013. 43a. edição, Introdução, 9,5 x 12,8cm, p. 19-20