Água do Rio Grande do Sul. Resiliência.
Ouvi do meu povo os gritos…minha beleza foi destruída, logo eu que sou tão vaidoso; meus parques minhas lavouras e os meus animais, tudo foi de uma hora pra outra perdido, fui esquecido, não pelos amigos de outros estados países e municípios…esses muito me estenderam as mãos, eles foram meus verdadeiros irmãos; porém, quem poderia e deveria algo por mim fazer, cruzaram os braços, talvez fizeram tudo por mágoas ou rancores, fazem isso porque do meu prestígio no passado não puderam desfrutar; e de minha compaixão não se mostraram aptos a receber. Só agora estão se mobilizando, uma ajuda tardia, mas da mesma forma devo agradecer.
Choro, choro em ver que minha beleza foi levada pelas águas selvagens, perdi meus parques onde minhas crianças brincavam, perdi minhas flores e paisagens, pastos e animais, perdi minhas plantações…tive meu orgulho ferido, a natureza muito me feriu. Com suas águas e sem dó, ela varreu minhas ruas e foi destruindo tudo o que se encontrava em sua frente. Derrubou pontes e desabrigou meu povo, tirou deles a alegria, escureceu nossos dias, e em mim uma profunda ferida ela abril.
Foi um grande dilúvio, de uma hora para outra tudo foi devastado, um pouco de mim foi soterrado, mas não vou me entregar, por trás de todos esses escombros existe um povo guerreiro, e eles vão me erguer, juntos nós vamos vencer. Sou terra fértil...e minha gente como sempre fez, recobrarão outra vez as esperanças e ela irá germinar e criar raízes, aliais...na verdade ela já foi a muito tempo enraizada sobre meu solo pelos habitantes do passado, e por isso vejo essa esperança por trás de cada rosto e de cada lágrima derramada.
Hoje estamos à deriva, e precisando ser alimentados, isso é um fato, assim como também é notório que de minhas terras e das mãos calejadas do meu povo saíram o sustento de muita gente, o mesmo povo que com grandes esforços hoje me traz um pouco de alento e um sorriso sofrido que toca o meu coração. Obrigado meu povo amigo e querido, agradeço por vocês florir minhas terras e por não me deixar sozinho.
Todos já sabem quem sou, mesmo assim irei me apresentar, sou a terra do arroz, do farto gado e dos grãos, e de promissores pastos e vastas plantações.
Meu nome todos já sabe, sou lindo, e de cores belas, tenho olhos verdes, azulados, pretos e castanhos, tenho longos rios e belos mares azuis; quem sou? Eu sou seu querido e amado Rio Grande do Sul.
Igor Rodrigues Santos