Uma visita inesperada
Com suas emoções contidas ao longo e logo de toda uma vida, mamãe, nonagenária operária, nunca foi de expansões descontraídas... por isso, me surpreende agora, quando chego de Beagá para passar um fim de semana em Pitangui, com uma trepidação quase escolar, a falar de uma visita inesperada que recebera havia poucos dias.
Tratava-se de uma sua colega dos tempos de fábrica de tecidos no Brumado, Dona Marocas, a quem ensinara a costura pelo corte centesimal, que viera de aprender, ainda na primeira metade da década de 1950... Marocas, de fato, havia ido ao Brumado, rever o torrão natal em que se criara, já sem esperança de encontrar contemporâneos ainda vivos, e porventura, ainda ativos...
E em uma de suas interlocuções e evocações, Marocas encontrou a professora pitanguiense Cristina Alvarenga, casada com um brumadense, que, solícita, e convicta, afirmou-lhe saber cem por cento quem era a Zezé daqueles primórdios sartoriais, de onde Marocas, com dedicação e habilidade, viera a se estabelecer como estilista de mão cheia, em Guarulhos, SP.
E o reencontro, graças à obsequiosa intercessão de Cristina, quase setenta anos passados, aconteceu na casa de mamãe, sob fortes emoções. Alinhadíssima, a visitante, creditou a mamãe o chute inicial de seu sucesso profissional na progressista cidade paulista.
E mamãe, comovida, mo relatou, feliz da vida...estendida, expandida...