Morre Roger Corman

 

Para sempre considerado o Rei do Cinema B (de baixo orçamento) Roger Corman faleceu aos 98 anos, no último dia 9 de maio.

Praticamente nenhum crítico de cinema ousa incluí-lo entre os grandes de Hollywood, mas Corman, como grande produtor independente e dotado de alta criatividade, um pouco por trás das cortinas exerceu notável influência.

Eu tomei conhecimento dele há 60 anos, quando assisti no cinema o terror cômico "O corvo" , estrelado por ases do horror cinematográfico, Vincent Price, Peter Lorre e Boris Karloff, além de um Jack Nicholson em início de carreira. Um filme tão bom que me decidiu acompanhar esse cineasta. Na época ele produzia e em geral dirigia, mas parou de dirigir em 1971, a não ser esporadicamente, e se dedicou quase exclusivamente à produção e distribuição.

Acabou ficando mais no mercado de vídeo e tv a cabo. Não estou informado sobre sua participação nas plataformas, que são coisa mais recente.

Corman tinha um estilo especial, prendia atenção, granjeou inúmeros fãs.

Para mim são inesquecíveis "A pequena loja dos horrores", "O castelo assombrado", "O massacre do Dia de São Valentim", "Frankenstein libertado", "O túmulo de Ligeia", "Carnossauro", "Profeta", "Kickboxer do futuro", "Anjos selvagens", "Desafiando a morte" .

Ele tinha um senso de humor marcante, era um homem muito bem humorado com seu sorriso rasgado.

Ajudou muita gente e era muito popular. A um ator ou diretor (não lembro o detalhe) a quem deu chance, observou algo assim: "Se o filme fizer sucesso, você não precisará mais trabalhar para mim".

A um fã que lhe falou "Eu cresci assistindo seus filmes", respondeu: "Então você deve ter tido uma infância muito infeliz".

E a uma repórter que perguntou: "Por que o senhor só faz filmes de baixo orçamento?" a resposta de Corman foi antológica:

"Porque eles são pagos do meu bolso."

Era um gênio.

E quando Spielberg lançou o "Jurassic Park" em 1993, logo em seguida Corman lançou o seu "Carnossauro". Steven Spielberg levou tempo com sua produção, bem divulgada com antecedência. Assim, com recursos muito menores e só um boneco de dinossauro, Corman filmou rápido e lançou em cima, pegando carona no sucesso. Mas o melhor foi quando o acusaram de picaretagem e ele deu a seguinte explicação, que eu cito de memória:

"Acontece que o livro em que se baseia o "Carnossauro" foi publicado antes do livro em que se baseia o "Jurassic Park ".

E para coroar tão "brilhante" argumento, Roger Corman concluiu:

"Mas eu acho que o Spielberg não teve a intenção de me plagiar..."

Mas os dois filmes são muito diferentes entre si.

Corman deixa uma empresa com sua esposa e as duas filhas.

O mundo do cinema sentirá a sua falta.