O AMOR É A ESSÊNCIA DA EXISTÊNCIA HUMANA
Prólogo
Observação pertinente e, talvez, irrelevante para o contexto: Este texto é dedicado a uma senhora que era casada. Desencarnada, eu a chamarei de Luzia (nome fictício). Quanto ao eminente personagem Fernando... Ah! Esse é apenas um dos meus muitos heterônimos. – [Nota deste Autor].
Para Luzia:
Seu sorriso permanece gravado em minha memória, é uma lembrança doce que transcende o tempo e o espaço. Embora você não esteja mais aqui, nosso amor segue vivo, como um sussurro etéreo que conforta meu espírito.
“In memoriam”, celebro a luz que você trouxe para este mundo, em particular para mim, um brilho que nunca se apaga em meu coração. Sua essência permanece comigo, um legado de amor e bondade que continua a me inspirar todos os dias. – [Nota deste Autor].
LEMBRANÇAS INEBRIANTES
A madrugada era chuvosa e fria, Fernando cofiava a barba crescida de três dias. De sua janela, ouvindo o marulhar das águas de um córrego próximo, de onde aspergia um aroma de cedro com um misto de sândalo e baunilha, ele pensava na recém-desencarnada Luzia.
Fernando parecia sentir um beijo de surpresa como outrora sentia, na chuva, nos sopros dos ventos, agora frios como os lábios crispados, demasiados hirtos de Luzia.
Pela primeira vez algo lhe batia suave, preenchendo seu imenso vazio. Um inebriante perfume lhe motivava a não deixar de pensar no amor puro, verdadeiro e maior que já tenha conhecido igual ao de Luzia.
Duas lágrimas insossas, teimosas, dos cantos dos olhos miúdos de Fernando emergiam. O saudoso colega poeta e advogado Menotti já dizia soberano e sem empáfia: "No mundo inclemente, só não chora quem não sofre, só não sofre quem não sente...”. – (sic).
O ANSEIO PARA CONTINUAR FELIZ
Embora Fernando quisesse e muito desejasse a cura, para debelar o seu sofrimento e poder viver feliz como um simples mortal, ele sabia que não há cura para um amor impossível tal qual ele sentia por Luzia.
A única forma de alcançar a felicidade, suprimindo o não desejável sofrimento era se unir ao seu benquerer pela dor ou por meio da morte.
A crudelíssima dor ele já sentia, mesmo assim não conseguia esquecer Luzia.
UM SUSSURRO ARREPIANTE
Fernando tinha essa certeza: Para muitos, o amor é a essência da existência humana, o elo que une a tapeçaria da vida com fios de compaixão, empatia e bondade... Assim era a doce e amorosa Luzia.
Mais uma vez pelos da nuca e dos braços de Fernando se eriçaram. Fazia frio, mas não tanto a esse ponto. Menotti del Picchia novamente veio em sua mente e parecia sussurrar:
“Esta vida é um punhal com dois gumes fatais: não amar é sofrer; amar é sofrer mais!”. – (sic).
CONCLUSÃO
O amor verdadeiro, para se perpetuar, precisa da morte porque, segundo Menotti: "Não há cura para o amor impossível.” – (sic). Ocorre que a morte física não interessava a quem jurara viver e progredir para perpetuar a memória de Luzia.
Antes, Fernando não percebia..., mas a luxúria, isto é, a lascívia, libertinagem e/ou concupiscência, estavam enterrando-o vivo numa cova profunda da improbidade socioafetiva.
Ele saiu dessa ciranda destrutiva porque lhe abriram os olhos, em tempo hábil, a hoje desencarnada, feminil e saudosa Luzia.