SUTILEZA
SUTILEZA
podem ser encontradas também em pessoas excluídas.
Mulher moradora de rua, suas vestes nem tão sujas, porém não limpas como manda a higiene, magra de altura mediana, traços fisionômicos bem delineados.
em suas mochilas velhas e desgastadas jogadas em um passeio em baixo de uma marquise continham um recipiente com uma Cachaça possivelmente bem ordinária que de vez em quando usava pequenos goles no próprio gargalo com cuidado para que o seu preciso liquido durasse o maior tempo possível, pois deveria estar com a grana bem curta para uma nova aquisição de outra “bomba” pequeno recipiente aonde é envazado geralmente cachaça de péssima procedência.
estando eu em um bar bem em frente ao local aonde a mulher se encontrava, comecei a prestar atenção aos seus delicados movimentos, somente por curiosidade, e depois de alguns pequenos goles da sua preciosa garrafa, começou a ensaiar alguns passos de dança ao ouvir a música que tocava justo no local aonde me encontrava, seus movimentos eram tão suaves, cadenciados e delicados que fiquei extasiado e resolvi pedir algumas cervejas a mais das quais estava programador a beber, só a fim de admira-la, e ali fiquei por muito tempo apreciando aquela criatura, que com seus movimentos lembrava a dança de um cisne dado a sua sutileza.
Resolvi ir ao banheiro, e quando da minha volta esta mulher como num passe de mágica, ausentou-se do local, deixando-me impressionado com tanta leveza de uma pessoa que às vezes para muitos é uma coisa difícil de acontecer dado ao seu estado de abandono e miséria, mas a minha maior decepção foi que queria lhe ofertar uma pequena importância, se usasse para a compra de outra “bomba” pouca diferença faria parra mim, pois, dado ao seu sofrimento e maneira de viver, nada se pode cobrar de pessoas tão excluídas da sociedade.
Mas, tenho a vontade de tornar a vê-la e é bem possível, pois continuo frequentando o mesmo botequim e tudo indica que ela é frequentadora daquele trecho de rua, assim que encontra-la lhe ofertarei o valor que estava planejando da vez passada, só não sei como vai usar, o que para mim não fará nenhuma diferença.
Jurandir Mota