MEU PAI

 

(Ao meu pai, Edgard, in memoriam

 

no dia do seu aniversário.)

 

 

 

 

Eu não tinha um rosto.

 

Você me deu.

 

Eu não tinha pensamentos.

 

Você me deu.

 

Deu-me o sangue nas veias,

 

a luz dos olhos...

 

para poder enxergar a luz do sol

 

e as estrelas de Deus.

 

Muito do meu deus você foi.

 

Você continua sendo...

 

Teu chapéu cortando a linha do horizonte,

 

teus sonhos espargindo no ar o perfume da esperança,

 

tua sabedoria fazendo eu despencar

 

dos meus pressupostos púlpitos...

 

Ah, quanta coisa você me deu,

 

me ensinou,

 

deixou aqui dentro do coração o signo da vida,

 

eternizado como Deus eternizou

 

a cor e o perfume em todas as flores.

 

Imensa saudade de ti,

 

quando passam os dias sobre a Terra

 

e ficamos cada vez mais próximos um do outro

 

na serenidade das coisas eternas

 

quando inevitável, aguardado

 

e abençoado

 

se faz sempre o reencontro.

 

(Lúcia, 24 de abril de 2024)

 

(Direitos autorais reservados).

 

 

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