MEU RINCÃO

Meu grande sertão...

Tão presente... na obra

do Mestre João.

Suas árvores retorcidas,

Sua gente tão bonita,

Suas lendas e folguedos

Histórias de dar medo,

Iguais, eu nunca ouvi.

Contrastes e ilusões...

Alegrias e emoções,

Planícies e depressões.

Os amores de “Riobaldo”...

A paixão de “Diadorim”.

De veredas e buritizais...

E cenários magistrais,

Do umbu e do aipim.

De frutos temporões:

Buriti, ingá, cagaita...

Baru, araticum e sapoti.

O pequi que mata a fome...

Do vaqueiro que se esconde

Debaixo da gameleira,

Degustando um café do bule.

Papagaios e garças a voar,

Marrecos em escarcéu...

Mergulhões e juriti.

João-de-barro e sabiás...

Araras riscando o céu,

Pássaro preto e sofrê...

Pulando de galho em galho,

Fazendo por merecer,

O apelido de “pirralho”.

De veados catingueiros...

De tatus e sucuris.

De capivara e “capados”,

Do canto do bem-te-vi.

Um sol escaldante...

Na Serra do Cabral

De caminhos tortuosos,

A sombra do buritizal.

Do cenário promissor...

Meu recanto natural.

Que pena! Que hoje vejo...

O fogo tomando conta,

O homem a destruir sem dó,

Tudo àquilo que encontra.

Mas, Tu és forte... meu colosso,

És meu Grande Sertão... Veredas.

Do incomparável Mestre João...

De rara e esplêndida beleza.

Minhas terras... meu rincão.

Pirapora/MG, 03 de janeiro de 2008.