Pitanguapo Mateus Fifi
Mateus Ribeiro, um dos filhos de Fifi, foi dos mais assíduos frequentadores das reuniões belorizontinas mensais itinerantes do grupo dos Amigos de Pitangui, formado há quase dez anos, e que vem resistindo bravamente ao teste do tempo. Invariavelmente acompanhado de sua simpática e elegante Beth, sempre discreto no opinar, ficava muito mais à vontade num tête-à-tête, quando, generosamente oferecia cerveja e acepipes ao eventual interlocutor, posição que me aprouve exercer por incontáveis ocasiões.
Nosso papo, em geral, sempre amistoso, resvalando no jocoso, centrava-se em comentar eventos prosaicos de nossa cidade natal, de priscas eras. Seu pai, Gabriel Ribeiro, o Fifi, foi um homem empreendedor e muito grado à sociedade pitanguiense, onde exercera com brio, e sem remuneração, a edilidade. Nos negócios, esteve à frente de uma indústria de laticínios, cujas lembranças e insígnias, Mateus se comprazia em preservar. Quem não experimentou a manteiga Cacique, que vinha enlatada, de presença regional assegurada...?
Numa coisa, entretanto, divergíamos diametralmente, mas nunca nos altercamos. Tacitamente é que digladiávamos com nossas ideias e inclinações ideológicas, sem que jamais nos sentíssemos ofendidos com a postagem alheia, ou a reação que ela viesse a gerar.
E justamente numa data programada para o encontro dos Pitanguapos e Pitanguapas, como eu me referia ao grupo, veio a notícia fatídica do acidente de motocicleta que nos tirava o bom Mateus de circulação. Um choque enorme, que cancelou a reunião. Arrasado com a notícia, agravada ainda por uma tosse renitente - que os medicina denominou tentativamente refluxo laríngeo, não achei forças para me manifestar, e tampouco para ir ao velório do amigo que nos deixou tão precipitadamente, e tão mergulhados na saudade.