Lembrança do “mata-piolho” da vó Janda.
Tive a honra de colecionar tantas memórias afetivas, como o chuchu refogado mais temperado do mundo ou a cantiga "esquindô esquindô, todo mundo pelado só eu que não tô”.
Porém, a lembrança mais significativa que tenho de minha avó “Janda” - Jandira por descendência indígena - é do aconchego do “mata-piolho”. A parlenda das mãos muitos já conhecem, porque é tradicional do repertório cancioneiro brasileiro, mas minha vó dava um toque especial ao estalar as unhas próximo ao couro cabeludo das crianças para dar a impressão de ter exterminado a tal espécie de bicho que anda com os pés na cabeça.
O som era mágico e lúdico ao despertar a curiosidade e o imaginário, já que era um som próximo aos ouvidos, mas não podíamos ver, fazendo assim uma ligação direta aos braços do Morfeu.
Dificilmente alguma criança resiste, e posso garantir que fica gravado na mente a sensação desse momento tão fascinante.
E assim eu continuo transmitindo esse elo de carinho para os pequenos que se aconchegam em meu colo, e o ritual permanece de geração a geração. E minha vó eternizada no coração.