Para Julieta Hernández
Que tristeza. Que tristeza. Chorei hoje. Difícil.
Custo pra ler jornais, fujo das notícias que fazem sombra no sol, me desacreditam um pouco das coisas, matam o sonho do mundo, mas dessa vez não teve como. Me obriguei a ler a matéria inteira.
Eu falo de Julieta Hernández, migrante nômade, bonequeira, palhaça e viajante de bicicleta. Morreu de um jeito cruel, triste, feminicídio.
Não consegui pensar em mais nada hoje, em fazer mais nada. Essa angústia minha, claro, deve ser uma pequenininha coisa se comparar com a dos que eram família e amigos, mas está aqui.
Sempre que morre um artista, uma mulher, uma brincante como era Julieta, a vida se aproxima do seu oposto, se despede um pouco mais, tira a maquiagem, abandona o nariz vermelho, cinza.
Para Julieta, "Miss Jujuba", que girem e se estendam a rodar todas as estradas em sua bicicleta, que flutuem as nuvens leves mariposas, em um sorrir pra sempre das suas brincadeiras.
Que o seu picadeiro seja eterno.