O olhar de Clarice- Em homenagem a escritora Clarice Lispector
O olhar de Clarice não é vazio, nem solitário. Abrigam duas jóias dentro de relicários.
Seus olhos podem ser tristes e ao mesmo tempo enigmáticos...
É um olhar que brinca com o nosso imaginário, já tentou encará-los?
São olhos amendoados, levemente puxados.
Provocativos... emblemáticos!
Um delineado é o remate perfeito, encanta qualquer sujeito.
Tente penetrá-los... deixam todos intrincados, mesmo que jaz apagados.
Fotografados, ficaram eternizados...
Clarice é um cutucar da cicatriz.
A fim de descobrir suas origens...
É espessa tipo fuligem...
Mas vai além da carbonização...
Ela é uma flor de lis: traz pureza, beleza e renovação espiritual.
É mortificação que culmina em ressurreição.
Certa vez, ela mesma disse a respeito do seu sobrenome: "talvez seja Lis no peito, daí Lispector"
Quem lê Clarice não volta o mesmo...
Suas palavras inundam a alma e coração, rasgam o peito para só depois recosturar.
Transitam pelo desencanto e leva-nos a um belo encantar.
É arrebata(dor), um confronto com seu próprio reflexo.
Versos em reversos ... é um despertar de emoções... em um misto de sensações.
É encarar e domar suas feras.
A fera que em si vocifera.
Que carece de atenção, sem precisar no entanto, de explicação.
Ler Clarice, aguça os sentidos.
Provoca inundações...
É um mergulho em águas turvas... em busca de explicações.
É profusão de sentimentos.
Identificação que traz acolhimento.
É sair de dentro e olhar de fora, com um olhar mais atento.
É desconexão que reconecta.
Desperta!
Em viagem alucinante e intrigante...
Em linhas paralelas e horizontais.
Nas entrelinhas, o mais emocionante:
As palavras são sedimentos sentimentais.
Eu leio e releio Clarice, ela foi tipo um vulcão em erupção.
Ativo, espalhava suas lavas...
Modificando a paisagem e proporcionando reconstrução.
Como escritora aspirante, me sinto tão identificada. É extasiante...e chego a ficar emocionada.
À ela todo meu respeito e admiração, faz parte de uma linda constelação.
Aqui na terra NASCEu UMA ESTRELA
Que hoje abriga no céu.
Conquanto não é fúnebre feito um mausoléu.
Seu brilho nunca apaga...
Ilumina e traz inspiração!
Deixo minha eterna gratidão, nessa singela homenagem.
Feita com carinho, redigida pelo coração.
》Em homenagem a Clarice Lispector; uma das escritoras que mais admiro e me inspira, com sua forma única de escrever, guiada por suas percepções de mundo, seu olhar sensível e apurado sobre o cotidiano, seu jeito singular e visceral de descrever sentimentos humanos. No mês de aniversário e morte daquela que literalmente NASCEU ESTRELA e MORREU ESTRELA... hoje brilha no palco céu.
☆10 de Dezembro de 1920
+ 09 de Dezembro de 1977