ERA UMA VEZ UMA LAMPARINA LUMINOSA

Desde pequeno, Tiago gostava de contar histórias. Quando se reunia com primos ou amigos, era constantemente solicitado a envergar o manto de narrador. Alguém pedia um conto de fadas, de bichos ou de capa e espada e, pronto, entrava ele com seu repertório de aventuras para os mais diversos gostos. Em muitas ocasiões, inventava algo novo na hora, confiante na sua capacidade de improvisar.

Quando ninguém lhe pedia uma história, não se apertava. Tomava a iniciativa de propor-se a contar. “Vocês conhecem essa?” E começava a desfiar toda uma trama, fosse do farto acervo disponível na sua memória, fosse fabricada naquele exato instante.

O passatempo do menino rendeu-lhe gratas satisfações em angariar amizades e sentir-se valorizado por seus ouvintes, inclusive adultos que lhe elogiavam a vocação para contista.

Nem tudo são flores, no entanto. O tempo foi passando, as crianças que ouviam suas histórias cresceram e Tiago, não. Continuou minúsculo, prisioneiro do hábito que cultivara e limitado a uma audiência restrita, que pouco parecia renovar-se. O narrador percebeu que não conseguia contar a própria história e passou a experimentar a angústia típica dos sonhos não realizados.

Desconcertado ante a situação, o garoto largou seu passatempo de lado, perambulou mundo afora, mas sem encontrar resposta a seu drama pessoal. De volta ao lar, eis que finalmente o Destino lhe sorri e o presenteia com uma Lamparina Luminosa.

Não se pense tratar-se de lâmpada mágica similar à de Aladim. A vida pode assemelhar-se por vezes ao conto das mil e uma noites, sem implicar, porém, que problemas sérios e reais venham a resolver-se de forma puramente fantasiosa. Realismo, equilíbrio, bom senso, tudo isso ainda se faz bem necessário aqui e alhures.

Lamparina Luminosa era a simpática razão social da editora que em boa hora chegou para socorrer os projetos do contador de histórias. Para manter a analogia com uma saudável ficção (real), essa lamparina abrigava dois magos, Christian e Michele, os quais vieram ao encontro de Tiago para reconstruir sua trajetória. A dupla mostrou interesse pelo passatempo do menino e logo se acertou com ele para elevar suas historinhas ao patamar de que careciam: um livro!

E não ficou nisso. Ao primeiro, seguiram-se outros dois livros, todos trabalhados com espírito de equipe, companheirismo, colaboração e carinho mútuo. Christian e Michele revelaram, ademais de seu profissionalismo, empenho e criatividade, a disposição de ajudar que só os verdadeiros amigos possuem.

Não apenas cuidaram do lançamento dessas obras em três sedes distintas, mas chegaram à memorável dedicação de sair da sua São Bernardo do Campo para acompanhar o contador peralta em viagem de carro ao distrito de Ibitinema, no município fluminense de Santo Antônio de Pádua, onde se lançou o segundo livro de Tiago em evento promovido pela Academia de Letras, Artes e Ciências de Pirapetinga, MG (cidade vizinha à localidade anteriormente citada). Local escolhido a dedo, pois ali se passou a maior parte das histórias contadas pelo autor.

A partir de então, o menino cresceu, renovou sua autoconfiança e publicou novos trabalhos com diferentes parceiros (já que a Lamparina Luminosa lamentavelmente teve de encerrar sua atividade). Sob o pseudônimo Jax, assinou mais quatro livros, bem como sua participação em vinte e duas antologias, além de revistas literárias virtuais e do site Recanto das Letras, onde escreve mensalmente. Cresceu e deixou os círculos restritos da família e dos amigos próximos para disponibilizar seus textos a quem interessar possa.

Nada como perseverar num passatempo cultivado desde a infância! Nada como a força de bons amigos para trilhar o rumo desejado! Nada como uma Lamparina Luminosa para iniciar a magia de uma aventura literária!

Muito obrigado, Christian e Michele, por sua amizade e seu inestimável apoio!

Brasília, novembro 2023.