NO SILÊNCIO...NA CATEDRAL AS ALMAS FLUTUAM...# Memorial do Recanto # ...
CATEDRAL.
No meio do deserto
A Catedral se ergue.
Despojada e bela,
Abre-se em pétalas.
Mãos em prece
Em direção ao céu.
O concreto se curva
Às suas linhas leves.
Diante dela
Os apóstolos se postam.
Como sentinelas
Guardam o espaço de oração.
Com seus olhos mansos
Nos convidam à contemplação,
No amplo espaço
Reinam o silêncio e a calma.
Anjos flutuam em fios de aço:
Mensageiros do alto,
Fazem a conexão
Entre o céu e o chão.
O repicar dos sinos
Quebra o vazio da solidão.
Irradia-se na imensidão do cerrado.
Momento em que o divino se
concretiza
Mesmo na face dura do concreto.
Eterniza-se nos traços
De um grande arquiteto!
Poesia escrita pela minha irmã Mari Watanabe aqui do RL.
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Minha querida irmã, você nos presenteia com esta linda poesia, escrita com a tua alma e o seu coração, mostrando como é importante o caminho e a busca da fé e da espiritualidade.
Nesse deserto, um lugar tão árido, seco, inabitável, mas por outro lado tão instigante , cheio de mistérios e enigmas, contemplamos a sua Catedral agora com vida. No vazio da solidão ouvimos o repicar dos sinos e observamos os apóstolos em sentinela; com certeza, ali há almas e vidas fazendo essa conexão com o Divino.
E que momento de elevação, sentir os anjos mensageiros flutuando lá do alto protegendo o santuário sagrado, uma conexão muito forte entre o plano espiritual e o nosso plano físico.
Sim, nesse lugar imenso onde reina tanto silêncio e tanta paz, pode ser um momento de encontro pessoal com o nosso Deus, um momento de unicidade.
E há um encontro em regozijo e júbilo onde a Catedral com as "suas mãos em prece" se ergue até os céus, momento único de eternidade onde o Divino se concretiza, como que tocando todas as nossas faces e nossos corpos enrijecidos diante dos "concretos endurecidos" pelas mãos do grande arquiteto!.
Podemos também olhar para o horizonte e tentar desvendar o que podemos encontrar do outro lado, nesse oásis tão imenso; nessa "travessia" o deserto pode se tornar um lugar de passagem, de transformação, como se estivéssemos olhando para dentro de nós mesmos.
E é preciso ter coragem para avançar, pois nesse momento nos invade um profundo sentimento de solidão, uma sensação de deslocamento no tempo, sendo essa travessia uma jornada solitária, pois atendemos ao nosso próprio chamado.
Ninguém consegue orientar ou guiar os nossos passos, é preciso que avancemos sozinhos para a nossa própria descoberta pessoal.
Parece que o encontro com este silêncio, onde nada nos distrai, permite entrar em contato com os nossos sentimentos adormecidos; começamos a sentir o corpo mais receptivo e despertamos para outros sentidos, como se os nossos canais estivessem se abrindo para viver uma experiência transcendente em comunhão com o Divino.
Quem sabe assim com as mãos , com a alma mais leve, com o nosso corpo se "desnudando" , livres da matéria, possamos realmente sentir esse chamado pessoal e ir de encontro a tudo aquilo que realmente transcenda; que esse desejo da nossa imortalidade nos reconforte espiritualmente, reforce a nossa fé e nos devolva esperanças!
Aqui, esse silêncio é um bálsamo para a minha alma, onde medito sobre o sentido da vida, sobre a minha fé e a minha espiritualidade...
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"Minha alma leva-me ao deserto, ao deserto de meu próprio si-mesmo. Não pensava que meu si-mesmo fosse um deserto, um deserto seco e quente. A viagem conduz através da areia quente, vadeando lentamente, sem objetivo visível de esperança. Parece-me que o caminho leva bem longe das pessoas. Ando meu caminho passo a passo e não sei quanto tempo vai durar minha viagem".
Do livro de Carl Gustav Jung.
(Livro Vermelho).
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Ouçam a música Catedral.
Na voz do cantor Leandro.
https://youtu.be/09zTMtw_YZ8?
si=1ulwa1L_5-gMkKjw