Aquelas mãos

Sinto saudades daquelas mãos habilidosas, fascinantes

Mãos sábias, em seu trabalho dominantes.

Eu admirava tanto aquelas mãos

sempre tão experientes, tão fortes e práticas.

Eram mãos pequenas, serenas, pacíficas,

delicadas e de alvo preciso. Mira certeira.

Lembro muito bem aquelas mãos,

com gestos técnicos, competentes

Mãos surpreendentes

que examinavam segredos, sem receio

acariciavam, examinavam, tranquilizavam,

tratavam de gente tão eficientemente.

Aquelas mãos eram tão confiantes

seguras, mãos maduras, estáveis,

equilibradas, abençoadas e seguras.

Carregavam consigo o mistério

de amenizar o sofrimento, de aliviar a dor

porque além da perícia, carregavam amor.

Mas aquelas mãos, outrora servidoras

clamam agora silenciosas por um carinho,

por um afago, por um gesto de ternura,

por um laço que retribua tanta afeição.

Por uma lembrança consciente de tanto bem-querer

distribuído por longos anos infatigavelmente.

E essas mãos agora tão fatigadas, trêmulas,

frágeis, oscilantes, inconstantes

já não mais autoconfiantes, ainda são

aquelas mãos benevolentes que tanto serviram

sem saber a quem. Aquelas mãos carecem agora

de cuidados, de apreço e consideração.

Para você, Adalcina (minha mãe), auxiliar de enfermagem e parteira que cuidou com tanta dedicação e amor por quase quarenta anos, de pessoas que necessitaram dos seus conhecimentos e cuidados.

Deus te abençoe. Só Ele pode te recompensar por tudo que fizeste.

Umbelina Marçal Gadelha

Umbelarte
Enviado por Umbelarte em 06/09/2023
Código do texto: T7879688
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