Aquelas mãos
Sinto saudades daquelas mãos habilidosas, fascinantes
Mãos sábias, em seu trabalho dominantes.
Eu admirava tanto aquelas mãos
sempre tão experientes, tão fortes e práticas.
Eram mãos pequenas, serenas, pacíficas,
delicadas e de alvo preciso. Mira certeira.
Lembro muito bem aquelas mãos,
com gestos técnicos, competentes
Mãos surpreendentes
que examinavam segredos, sem receio
acariciavam, examinavam, tranquilizavam,
tratavam de gente tão eficientemente.
Aquelas mãos eram tão confiantes
seguras, mãos maduras, estáveis,
equilibradas, abençoadas e seguras.
Carregavam consigo o mistério
de amenizar o sofrimento, de aliviar a dor
porque além da perícia, carregavam amor.
Mas aquelas mãos, outrora servidoras
clamam agora silenciosas por um carinho,
por um afago, por um gesto de ternura,
por um laço que retribua tanta afeição.
Por uma lembrança consciente de tanto bem-querer
distribuído por longos anos infatigavelmente.
E essas mãos agora tão fatigadas, trêmulas,
frágeis, oscilantes, inconstantes
já não mais autoconfiantes, ainda são
aquelas mãos benevolentes que tanto serviram
sem saber a quem. Aquelas mãos carecem agora
de cuidados, de apreço e consideração.
Para você, Adalcina (minha mãe), auxiliar de enfermagem e parteira que cuidou com tanta dedicação e amor por quase quarenta anos, de pessoas que necessitaram dos seus conhecimentos e cuidados.
Deus te abençoe. Só Ele pode te recompensar por tudo que fizeste.
Umbelina Marçal Gadelha