O Silêncio da Rosa que repousa

O Silêncio da Rosa Que Repousa

“Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois estás junto a mim; teu bastão e teu cajado me deixam tranqüila”. (salmo 23, 4)

Disseram-me que a Rosa murchou que a “LUZ” apagou, mas eu não acreditei, sei que temporariamente apagou-se para que descanse no merecido repouso do simples e eterno adormecer dos anjos celestiais.

Rosinha, você foi aos poucos se desfolhando; pétala, por pétala tal qual uma rosa ao açoite do vento. Já não mais me endereçava suas carinhosas cartinhas;

Não mais subia à Rua da Capela sozinha,

para suas visitas à Santana, Socorro, Nazaré e Toinha;

Não mais ia a missa dominical na Igreja de São João Batista;

Não mais cuidava de seus bichinhos de estimação,

Seu coração reduto amoroso estava fraquinho,

de tanto amar Pedrinho e Carlinho.

Ah! Rosinha se foi, mas suas lições de vida ficaram como exemplo de mulher padecedora, resignada com as vicissitudes da vida.

Lembro-me de Rosinha, rosa rosada, muitas vezes calada para não revelar sua dor.

Lembro-me de Rosinha, cozinheira que se punha no fogão,

preparando caldo para Pedrinho com muita dedicação.

Lembro-me de Rosinha cuidando de seus animais de estimação, com sua ternura, seu amor, sua doçura e afeição.

Lembro-me de Rosinha envolta em quatro paredes na rede da solidão, no seu quarto, acompanhada apenas de seus bichos de estimação.

Lembro-me de Rosinha, cabisbaixa na porta do oitão, esperando Pedrinho com lágrimas nos olhos, transbordante de emoção.

Lembro-me de Rosinha, preparando lanche para mim e Vicente com muita animação.

Lembro-me de Rosinha, sozinha, no silêncio de sua alma pedindo em oração;

E eu, no verdor dos primeiros anos de meus estudos, sonhando com uma melhor posição. Alegrava-me acatada por ela, tecendo essa construção.

E no urdir dessa construção de amor e no íntimo de lembranças telúricas, e por sua candura devoto minha gratidão.

Rosinha;

Acreditamos na vida eterna

Calemos no silêncio da dor

E no sossego de nossas almas

Escutemos as vibrações do amor

Na saudade de seu sorriso

Acompanhadas da fé no Senhor.

Roseli
Enviado por Roseli em 21/12/2007
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