CASA VELHA
CASA VELHA – Autor - João Severo – (O poeta de minha terra - In memorian).
I
Eu passando um certo dia/A uma da madrugada
Numa casa abandonado/Que os donos eu conhecia
Porém nenhum mais existia/Que a morte os colheu,
Nisto aquilo então me doeu/Por que o poeta ativo,
Sente por quem está vivo/Muito mais por quem morreu.
II
Casa velha o dono teu/Com tanto prazer te fez
Quem sabe a some de mês/Que junto a ti viveu
Mas depois desapareceu/Tu não te sentistes bem,
Te entregastes também/Ao quadro dos desenganos
Mas na passagem dos anos/Fostes morada de alguém.
III
Já fostes bem visitada/Fostes zelada e varrida
Já fostes tudo na vida/Sem vida ficastes em nada
Já fostes como uma escada/E perdestes teus degraus,
Pois os próprios bacuraus/Que passavam em teu terreiro
Hoje passam bem ligeiro/Assombrados com teus paus.
IV
Tijolos abandonados/Lá por cima de outros troços
Parecendo alguns ossos/De outros ossos separados
Teus caibros foram jogados/Pela ventania forte,
O teu paredão do norte/Demonstra um aspecto triste
Parece que até sentistes/O negro golpe da morte.
V
Um só rastro não existe/Do dono que te pisou
Pois o tempo acabou/Para te deixar mais triste
Só o silêncio te assiste/Por mando da natureza,
Deixou a tua beleza/Um manto triste e profundo
Ficastes sendo no mundo /Um pavilhão de tristeza.
VI
No meio da ventania/Em ondas bem afastadas
Estão os sons das passadas/Que ouvistes algum dia
Como uma visão sombria/O silencia pra te oculta,
A natureza te insulta/Demostrando o teu segredo
Parece que até tens medo/Da sombra que te enluta.
Este poema foi escrito há mais de 60 anos, tinha eu meus 14 anos, quando um amigo meu, também de minha terra,
numa folha de papel me entregou este poema escrito. Anos se passaram e este poema está escrito em minha
memória para sempre, aqui minha homenagem ao poeta João Severo-(In memorian). A exibição dos versos no
modelo que eu adotei para divulgação dos poemas mais longos.