Aos Seus Noventa Anos. II

Aos Seus Noventa Anos. II

Ontem eu ainda brincava no espaço infantil do velho quintal, entre heróis, e, vilões, com a velha à observar, corria, pulava, gritava, chorava. Neste momento ela vinha em minha direção, apanhava-me no colo, levava ao quarto para por Merthiolate, e, um Band-aid. Me beijava a testa, dizendo assim:

- Não foi nada, volta lá, vai brincar...

Eu sorria, e, correndo, retornava de onde parei, a velha sentada se acabava em gargalhadas a cada gestos de cada brincar. Muitas vezes, a colocava em cena, minha parceira de tantas aventuras mentais.

Em toda minha infância sempre presente, lá estava, acompanhado-me desde os primeiros passos, até, deixar os carrinhos para entrar na adolescência, vivendo amores, desamores, risos, e, lágrimas, mas, fortalecendo o amor maior... O dela.

Hoje, com seus noventa anos, sem a força de outrora, tendo a companhia apenas de sua bengala, olho, e, ainda vejo minha parceira de tantas aventuras sem fim, de crimes emocionais em tantos momentos, e, sento em seu colo com ela resmungando a dor, beijo sua cabeça alva, seu rosto forjado pelo tempo dedicado a nós, sim, nós por que, somos seis, que, hoje na sua presença, desejando um parabéns em seu dia especial, choramos lembranças, sorrimos atitudes, diluirmos os causos, desde o passado, até, esse presente.

É Dita. Esperamos ter você ainda por mais noventa anos, talvez até presenciando que éramos seis, a deitar em seu colo na busca incessante dos seus carinhos...

Feliz noventas primaveras...

Texto: Aos Seus Noventa Anos. II

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 21/01/2023 às 09:28

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 21/07/2023
Código do texto: T7842282
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