Dito efeito...
Quando na capoeira mal via um pau bem torto, vinha ao Dito Cézar a idéia dileta e direta: tava ali um bom prospecto. E não sem razão. Carpinteiro de mão cheia, sem discussão. E fazer carros de boi era pra ele até distração.
A `ciência` da carpintaria, aprendera-a mais por intuição. Dar aquele formato ao enquadramento do carro de boi, semelhante a um garrafão, além da madeira no ângulo adequado, carecia a melhor maestria. E disso, Dito sabia, desde noviço.
Com um machado bem afiado lá ia ele desbastando o tronco e lhe dando a forma desejada, formando um par de arcos simétrico para os marcos. Suava em bicas e o chapéu de feltro surrado e maltratado, quase esfarrapado era o sinal mais pronunciado. Mas o tronco tava dominado. A seguir, as rodas também da boa madeira ganhavam sua medida certeira, e iam se encaixando tábua por tábua. Tá boa? Tá de primeira.
Trado, `verruima`, `foimão`, cada ferramenta tinha a sua ocasião de entrar em ação e, apesar da pronúncia, saía tudo à perfeição. Nos serviços de carpintaria doméstica também pontificava o dito Dito, sempre que tempo lhe sobrasse entre um e outro `cadillac` sertanejo.
E foi numa de suas idas à nossa casa para examinar umas goteiras no telhado que, tendo subido ao forro, deixou seu chapéu sobre a mesa que servia de escada de acesso àquela subida. Curiosos - e não com a marca do surrado chapéu de feltro- pusemo-nos a experimentá-lo em todas as nossas cabeças, até que chegou a vez do Beu que, afoito, direto o meteu, e deu
no que deu: a copa se soltou da aba, que se enterrava por baixo das orelhas do peralvilho...
Quando ouvimos os passos de Dito sobre o forro retornando de sua inspeção, maior não podia ser a nossa aflição para desencavar da cabeça de Beu o meio-chapéu que não era seu.
O que foi conseguido numa louca aflição já no apagar das luzes, cruzes! E mais um esparadrapo se adicionou àquela cobertura de trapo, para ir protegendo a cachola do Dito, enquanto aos troncos ia dando forma e rito.