ERA UMA VEZ
Num dia um tanto ou quanto atarefado, nem notei que ontem era o Dia do Indio. Gostaria de haver escrito algumas palavras, numa pequena homenagem a estes nossos irmãos tão surrupiados dos seus direitos. Para não passar totalmente em branco, republico aqui um pequeno texto, que passa o tempo e continua valendo.
"Era uma vez um grande país, deitado eternamente em berço esplêndido. Habitado por um povo simples e pacífico, a paz era com eles. Até que um dia vieram seres numa canoa gigante, com estranhas vestimentas de pano e tacapes que vomitavam fogo. Tinham costumes estranhos e adoravam a um deus invisível. Logo se apoderaram de tudo, e os obrigaram a servi-los, como se deuses fossem.
Como sempre acontece no encontro entre duas civilizações, a mais culta sempre predomina, e, não raro, extermina aquela que encontra sem dó nem piedade.
Passados mais de quinhentos anos, a cultura indígena e os seus componentes, em número cada vez menor, encontram-se confinados em locais cada vez mais distantes, e seus costumes em estado de declínio.
Suas terras foram tomadas, suas florestas derrubadas e seus rios contaminados. Não está muito longe o dia em que o último índio desaparecerá, e as florestas, sem seus cuidadores, de tão exploradas se tornarão num grande e aterrador deserto."