MIMI, UM AMOR PRA VIDA INTEIRA

HOMENAGEM

Nair Lúcia de Britto

 

 

Na alegria e na tristeza

Na saúde e na doença

Na fartura ou na pobreza

A minha gata siamesa

Está sempre do meu lado

Com certeza

Não se importa

Se sou feia ou bonita

Se acordei alegre ou ranzinza

Tudo ela perdoa!

 

Lembro-me daquele dia

Que quase tropecei nela

Andando com pressa pelas vielas

E ruas da cidade

Não a vi, bem no meio da calçada

Tão miúda, tão mirrada...

No meio dos transeuntes e buzinas

De carros e motos, apressados...

 

Quando a vi, levei um susto

- Oh! Meu Deus, pobrezinha...

Quase pisei nessa gatinha!

Peguei-a no colo,

Para não ser atropelada

 

Perguntei aos pedestres que passavam

--Quem quer uma gatinha?

-- Quem quer salvar sua vidinha?

Os transeuntes sorriam...

E balançavam a cabeça

Em sinal de negativa

 

-- Que é que eu faço?

Não posso ficar com ela

Já tenho um gato bravo

Que não aceita companhia

E tenho compromissos exigidos

Pela tal burocracia...

Mas aqui ela não fica!

E decidida...

Juntei-a à pasta de documentos

Dentro da sacola que eu levava...

Entrei numa repartição pública

Disfarçando o conteúdo

Que miava... e miava..

O Segurança me olhou desconfiado

-- Boa tarde! – cumprimentei, amável

E fui subindo as escadas

Sentei na sala de espera

Mas o miado bem baixinho...

Continuava...

-- Que miado é esse?

Perguntou-me a chefia

Olhei pros lados...

E com um ar de inocência, respondi:

-- Não sei de nada!

 

De volta à rua, subi num ônibus

E, para evitar problemas,

Procurei um assento distante

Mas qual o quê !!!

O miado prosseguia

E o motorista, de cara bem brava,

Olhou pra trás...

Aqui tem algum gato?

-- Não, não... é lá fora

E olhei pela janela

A tarde era bela...

Mas um tanto tumultuada!

 

Chegamos afinal, em casa

E. depois de muita lida,

A gatinha...

Que era pra ficar só um dia

Está comigo até hoje

E é a minha melhor amiga!

 

E, hoje, dia 26 de março, quase vinte anos passados, aqui vai minha Homenagem:

 

Quando cheguei em casa com uma gatinha pequenina ainda dentro de uma sacola onde a recolhi da rua, logo a minha gata Preta me olhou desconfiada e com cara de poucos amigos. Quem seria essa bichinha que veio tomar o meu lugar?

Para evitar um desastre, escondi a gatinha num cesto dentro do banheiro. Foi uma confusão que nem te conto, mas apesar dos atropelos decidi ficar com a gatinha. Vai se chamar Mimi, por ser tão meiga e tão mimosa.

Dei-lhe mamadeira até aprender se alimentar por si só. Foi de pouco em pouco se recuperando e ganhando forças. Porém queria sair daquela prisão e de noite chorava, se sentia só.

-- Está bem, está bem... venha dormir na minha cama, mas pare de chorar!

Naquela ocasião eu, pela primeira vez, estava morando sozinha numa casa com quintal. Não conseguia dormir direito. Qualquer barulho eu me assustava, ia de pé em pé verificar o que era.

Mas, como eu dizia, trouxe a Mimi para dormir na minha cama e ela ficava andando de cá pra lá... ora se aninhava na minha cabeça, ora nos meus pés... até que escolheu os pés, E, assim, todas as noites dormia junto a meus pés. E, que coisa engraçada, perdi completamente o medo que eu tinha. Parecia que juntinho de mim, havia uma fortaleza a me dar proteção e guarda. Passei a dormir sossegada.

No começo minha gata Preta batia na Mimi, mas com o tempo começou a gostar tanto dela que a acarinhava como uma gata faz com seu filhote.

Elas brincavam, passaram a dormir juntas e a serem amigas inseparáveis.

Sempre que eu me sentava frente ao computador, para escrever meus textos, lá vinha a Mim sentar do meu lado.

No último dia dez de fevereiro Deus a chamou.

Minha Mimi partiu de madrugada no meu sofá; nós duas de mãos dadas, ouvindo uma música bem suave. A dor da separação é inexplicável. Era a minha filhinha querida, a minha Mimizinha, inigualável, que me deixava e com ela a certeza de que ninguém vai me amar como ela me amava.

 

Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 26/03/2023
Reeditado em 29/03/2023
Código do texto: T7749418
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