À memória do caro amigo Lúcio
Por que um amigo se vai assim, sem nenhum adeus?
Deixando inesperadamente os amigos seus...
Por que meu Deus?
Talvez porque nunca nem pensou em ir
E por isso, lógico, nem mesmo um até logo ia convir!
Por que sentimos saudade de um amigo em suas ausências?
Certamente porque amigos sinceros são assim, despertam carências
Agora, nós estamos saudosos, desolados, solitários entre nós,
Relembrando o seu jeito brincalhão, seus abraços, sua voz,
É, cá estamos sem nem mesmo saber o que dizer
E o pior, sem sequer compreender,
O nefasto pesadelo que nos solapa e engana
E nos deixou paralisados no resto dessa passada semana.
Sem a presença de Lúcio
Nem a filosofia de Confúcio, nos dará alento no momento.
Mesmo brilhando o sol no arrebol, chora o vento Aracati!
Na branca Quixaba de areia, brame o mar, sofre a sereia...
E depois de muito tempo... de muito tempo...
Na praia de areia, o mar, o vento, a sereia...
Em Quixaba, uma erosão quase acaba...
Deixa gelada a areia, a maré muda o mar, nada pra longe a sereia... e nada...
E quanto a nós? Por muito tempo ficaremos aqui,
Pensativos calados, relembrando a sentir,
Nesse perigoso março, que de chuvas encharcado
Nos levou o amigo amado,
Mais cedo para o outro lado,
Onde nós também vamos ir...
Enquanto enxugamos o pranto,
Vamos, caminhar devagar? Dizer baixinho uma prece, entoar um suave canto, um acalanto?
Sim, sabemos a vida continua,
No deserto da ausência,
Na esquina das incertezas da rua,
Nossa tristeza será menor, hoje à noite sob o clarão da cheia lua
Adeus amigo querido, brindaremos à sua memória,
Seu nome é parte inseparável da nossa simples história
Adeus Lúcio, seu nome é luz e só nos inspirou brilho,
Nosso vagão ficou mais triste, mas o nosso trem não para sobre o aventureiro trilho!
Agamenon Viana, Russas, 07de março de 2023