Duas Mães
Alguém pode ter duas mães?
Seja castigo ou sina?
Não me estranhe, pois as tenho:
A Josefa e a Severina.
A primeira, mãe de nascença,
A segunda perseverança
Do meu pai, que na penúria,
Não desistiu de sua crença.
Perdendo cedo a mulher,
Com três filhos pra criar,
Tratou logo de outra saia
Pro aconchego arranjar.
Assim que ela chegou,
E eu falo da Severina,
No seu colo colocou-nos
Como se fosse a mão divina.
Cuidou tanto dos petizes,
Que muito meu pai se orgulhou,
E lhe deu mais cinco rebentos
Que o seu lar se alegrou.
Durante, e por muito tempo,
A vida foi muito bela
A gente, oito, fazíamos
De tudo pra agradar a ela
Mais eis que um dia chegou
Em que meu pai foi embora
E lá está nossa mãezinha,
Que de tão triste, ela chora.
Mas não chora de tristeza,
Chora, de muita saudade,
Pois o pai não foi embora,
Ele morreu, na verdade.
E durante mais seis anos,
Permaneceu ao nosso lado.
Até que Deus a chamou
E nos fez triste um bocado.
Agora, sem nossos pais,
Somos oito irmãos unidos,
Acreditando que o amor
Não nos deixa andar perdidos.
E isto é muito bom,
Porque nós temos os filhos,
Que de nossos pais são os netos
E nos fazem andar nos trilhos.
Esses petizes são, sim,
A razão de nosso ser.
Assim como aos nossos pais,
Fizemos por merecer.
Finalizando o poema,
Agradeçamos a Deus,
Pois perdemos nossos pais,
Que estão nos braços seus.
A nossa vida deixar,
Um dia, também iremos.
Mas, com certeza, até lá,
Dos nossos pais lembraremos.