PENSANDO NO OUTRO
Ia eu pela avenida em passos sossegados. Meu espírito ia sossegado. Quando levei um esbarrão. Logo vi que não tinha sido de propósito. Pois, o estranho disse-me:
- Desculpe-me.
Desculpei e fui andando. Mas, pensando agora no outro. E veio-me esta idéia, escrever sobre o outro. Cheguei aqui em casa, peguei caneta e papel e pus-me a escrever. Quem é o outro, perguntei-me. O outro pode ser ela. Quando depois do trabalho, damos uma caminhada. Para alcançar sua casa. E a encontramos com os braços no parapeito da varanda. E, ambos, nos sorrimos, enamorados.
O outro pode ser o chofer de taxi. Que nos conduz no seu carro, a um destino que lhe pedimos. E, que quando chegamos, o pagamos gentilmente.
O outro pode ser o padre, que no alto do púlpito, nos profere a homília do dia. Que ouvimos atentos, procurando nós mesmos refletir e nos conciliar com Deus.
O outro pode ser, pode não, é o nosso semelhante sempre e sem o qual nas nossas vidas, teríamos dificuldades de sobreviver. Imagine se não fosse o homem que vem a nossa casa, entregar o sacolão? Iríamos comer apenas um prato sem graça com arroz e feijão? Prato sem sabor.
O outro é aquela professora do curso ginasial. Que nos ensinou, crianças, as primeiras lições do be-a-bá.
E o outro afinal é o leitor. Obrigado, leitor. Senão para quem mais estas palavras seriam dirigidas? E, como ponto final, espero não ter desagradado.