Sobre a vida, ausência, descrença no metafísico e saudades do meu Pai.

Hoje,11.03.2023. há quase dezessete meses que a vida nos separou, dele se esvaindo, estivesse vivo, meu querido e amado Pai, Walter Soares Cavalheiro, estaria completando 81 anos. Ele que, como na música que fez grande sucesso quando eu ainda era criança, “foi meu herói e meu bandido” não raramente tinha a voz tão presa, mas mesmo assim. ensinou a mim e meus irmãos, a enfrentar essa o tão duro jogo da vida.

O tempo passa, no entanto, ainda que não mais dilacerante, a dor ainda não passou. Creio passará apenas quando o meu tempo já tiver também cessado. O conforto (ou a ilusão) daqueles com devoção em algo metafísico externo, além da própria vida, os que me conhecem verdadeiramente, sabem que não me socorre.

Triste? Não sei bem se tristeza seria a melhor definição do que o ocaso do meu Pai fez de mim. Talvez, ferido para sempre, pois, triste seria se eu não chorasse ou se me enganasse com reconfortos imaginários. E eu chorei, e ainda choro, tanto pela ausência de meu Pai, mas por saber que, se vivêssemos numa sociedade onde cada um recebesse conforme suas necessidades, talvez ainda ele estivesse vivo.

Queria dar-lhe um beijo, no meu Pai, mas a vida não nos permite mais esse carinho. Escrever, na esperança de arejar meu cérebro, ainda que doloroso, é o que posso, então, fazer.

E para você que me leu até aqui, um pedido: ame seus pais, sua mãe, sua esposa (ou marido) e seus filhos. A vida é fugaz, isto é, desaparece rapidamente, muito mais do que podemos imaginar.

Saudades do meu velho.

Walter Soares Cavalheiro (11.03.1942 – 25.10.2021): Presente.