Um garoto diferente
Júlio é um garoto de quinze anos diferente da maioria. Ele não costuma estar em locais com muitas pessoas. Na escola, teve muita dificuldade de ambientação no início. Na hora do intervalo, enquanto todos conversavam, era muito comum observar Júlio andando sozinho. Pouco tentaram se aproximar dele, talvez por parecer um jovem tímido e introvertido, mas que logo encontrou uma forma um tanto incomum para ambientar-se.
No primeiro trabalho em grupo, proposto pelo professor de história, Júlio pôde escolher as pessoas com quem preferia realizar a tarefa, o que surpreendeu a todos, pois ele formou um grupo em que havia apenas garotas. Isso o ajudou muito. Passou a aproximar-se mais de suas colegas, começou a participar da aula, mas a grande diferença de Júlio é que ele não se sentia à vontade quando próximo a garotos. Claro que ele pode conversar, pode expor suas opiniões, mas sente um pouco de receio do que poderão dizer ou pensar depois.
Em casa, Júlio convive com sua mãe e com sua irmã, uma vez que seu pai trabalha o dia todo e só vê a família à noite. Talvez por essa convivência, desde a infância com mulheres, as relações de amizade de Júlio sejam quase que exclusivamente femininas. Há preconceito por parte de algumas pessoas, mas Júlio não se importa.
Muitos dizem que ele é estranho, outros notaram a presente insegurança nas atitudes e opiniões, mas mesmo assim, sentindo esse ''interesse'' por ele, algo parece impedir que mais pessoas se aproximem.
Júlio não se sente feliz sendo amigo apenas de garotas. Sabe que nada o impede de ampliar o número de colegas, mas ele é teimoso feito uma mula. Para ele, o importante não é conseguir cada vez mais colegas e sim conservar os que já são amigos.