A você minha Mãe

Eu saí de suas entranhas, respirei o seu ar, alimentei-me de seu sangue.

Eu que já existia em seu ser, mesmo antes de você existir, e desfrutei de seus seios,

sugando o elixir da vida material.

Eu que sofria às vezes, sem mesmo saber e transmitia meu sofrimento através de seus

gestos e gemidos, e você me aliviava e sofria os instantes indiferentes que me via

passar, mas sempre ao meu lado.

Você que me ensinou a sorrir, amar e ser gente.

Você que aliviou meus sofrimentos quando criança, e alisou meus cabelos ondulados, e

quando adulto te procurei.

Jamais senti em meu rosto um beijo tão puro com uma essência eterna.

Seus tapas de educação, hoje são suaves cicatrizes que gostaria de sentir novamente.

Sua voz hoje soa, como clarins e sons musicais de violinos.

Até sua lágrima, coloria à vida e nos dava a razão de viver com fé.

Nunca foste escolada, mas uma escola aberta para vida, Mãe, esta foi a primeira palavra

que murmurei.

Criaste eu e meus irmãos, cinco saudades para você, e deixas-te uma lembrança igual

para cada um de nós.

Senti que você saiu de mim, não para a vida que me deste, quando sai de ti, mas para a

vida eterna.

Estou aqui, órfão, mas sabendo que você existe, aqui nas lembranças e em tudo que nos

envolve e, aí ao lado de todos que se foram daqui.

Se existe uma razão de eu estar aqui, foi você.

Se existe uma razão de acolá, não sou eu.

Desculpe minhas travessuras e rebeldias, pois em um tempo qualquer falaremos de

amor.

Que os beijos que foram concedidos em te dar, ainda continuem úmidos em sua face,

em seu coração. Obrigado Mãe, pelo carinho, pelo afeto, pelas noites que passaste

acordada por mim, e por ter me aceitado seu filho.