"PROFESSOR NICOLAU"

Um dia, fui sua discípula.

E eu me extasiava

Ao vê-lo declamar Casemiro, Bilac, Bandeira...

Ou mesmo recitando trovas:

"Sino - coração da aldeia,

Coração - sino da gente.

Um, a sentir quando bate;

Outro, a bater quando sente!"

"Eu vi minha mãe rezando,

Aos pés da Virgem Maria.

Era uma Santa escutando

O que a outra santa dizia."

A ternura que emanava-lhe do olhar naquele momento,

A sensibilidade que irradiava-lhe na voz trêmula,

Faziam daqueles homens e versos,

Os mais importantes do mundo!

Os mais lindos!...

E o lampejo da Poesia brotava em mim

Ali, naquele tempo, naquele momento,

Naquela sala de aulas...

Tenho escrito e ensinado pela vida,

Procurando ser digna do grande mestre de Português que tive!

E hoje, depois de longos anos,

Ele, já, com noventa vividos,

Sempre rumo à Matriz de Nossa Senhora do Bom Despacho,

Passa por mim, sem ver-me.

Não que ele não me queira ver;

É o costume do homem compenetrado:

Cabeça baixa...

cachecol no pescoço...

passos miúdos e trôpegos...

E eu fico a olhá-lo cheia de admiração.

Lá vai o dono da sabedoria!

Lá vai o patrono dos meus versos,

Encontrar-se, no seu momento marcado, com o Mestre dos mestres,

De Quem é, foi e sempre será discípulo fiel!

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Homenagem ao meu grande professor de Língua Portuguesa e mestre despertador dos meus versos, Doutor

Nicolau Teixeira Leite, em Bom Despacho, no dia 08 de agosto de 1987

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 06/03/2023
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