Seu Clinton e Dona Felícia.

O casal Seu Clinton e Dona Felícia, casal de americanos, chegaram a Urucará, em meados de 1960, com a missão de evangelizar, pois ele era Pastor e ela o ajudava na missão. Eu ainda menino, lembro já do casal bem instalado na Igreja na Rua da Frente, que ficava entre a maternidade e o Chalé, no terreno que cortava o quarteirão e ia bater do outro lado na Rua do Cemitério, onde ficava sua residência.

Em princípio, só sabíamos que era Pastor, mas depois fomos descobrindo que o Seu Clinton, tinha outras profissões que passou a desempenhar, como: enfermeiro, mecânico de motor, moto, carro, torneiro e outras profissões e conhecimento amplo da vida. Ajudava quem precisasse sem medir esforço, no conserto da moto, de  motor ou fazer uma péca, era um homem muito bom.

Os filhos ainda garotos, Timoteo, There e Time, ele queria que se entrosassem com os meninos de Urucara, então contratou o nosso amigo, conhecido com a alcunha de Tifon para ser o orientador deles, fez logo amizade com os meninos nas peladas do fim de tarde, nas pescarias, jogos de bolinhas, brincadeiras de pira, pião, baladeira e outras... não demorou e os meninos já se adaptaram, tornando-se amigos das crianças, como: Joel, Rui, Jean, Naim, Garamba, Chico Velho, Vasco, Dioclécio.....logo ingressaram no time de futebol, se bem que gostavam mais era de basquete, também não demorou para entenderem a nossa língua.

Logo que chegou a Urucará, seu Clinton e Dona Felícia, moraram na rua do fuxico, na casa próximo a da mãe do nosso amigo Zé Cantel, Dona Dedé, que ainda curumim ele fazia o serviço de encher vasilhas de água, carregando lá do Porto.

Na entrada de sua residência, ele fez uma divisão onde atendia as pessoas doentes que o procuravam, em Urucará, fez tipo uma farmácia, na época não tinha hospital, nem médico, havia fila para o atendimento. Além de examinar, ele doava o medicamento para tratar a enfermidade e orientava como fazer. Fazia era fila em frente a sua residência.

Na verdade, não sei qual sua formação, se era só enfermeiro ou ia mais além, pois aconteceu um episódio comigo mesmo, que vim passar as férias em Urucará, na época que a minha filha  mais velha Daniela tinha 1 ano, já durante a viagem ela adoeceu, pegou uma diarreia, passado  3 dias e não melhorava, fui com ele e pedi que viesse em casa. Ele veio examinou a minha filha, disse que o remédio estava tudo certo, que ela não estava desidratada. Como não passava, resolvi retornar a Manaus, quando levei-a ao hospital imediatamente, a primeira coisa que a médica falou, que ela não estava desidratada. Isso me chamou a atenção a competência que ele tinha nessa árdua missão.

Seu Clinton e Dona Felicia, não mediam esforços, ajudavam e muito as pessoas carentes, sem distinção, todos que o procuravam eram muito bem atendidos, com alimentos, leite e outros, que vinha dos Estados Unidos e distribuíam a população carente de Urucará.

Depois, com a implantação do ginásio Dona Felicia foi professora de Inglês, com muita dedicação e amor aos alunos e alunas que ensinou, deixando muita saudade que até os dias de hoje é lembrada com muita saudade e carinho.

Uma das primeiras motos que chegou a Urucará, foi a do meu pai, uma Honda 70 de saia na cor vermelha, o seu Clinton que consertava, certa vez, ele veio a Manaus e comprou várias peças da moto, deixando-a seminova, não cobrou nenhum centavo de meu pai, disse-me o Quinca, meu irmão. Um cara muito amigo e camarada.

Uma justa e merecida homenagem a esse grande homem americano, que fez muito por nossa gente, feita pela Câmara Municipal de Urucará ao colocar o nome da lancha da saúde de: Pastor Clinton, pelo excelente trabalho desenvolvido em nosso município.

Fica este registro, para que nunca esqueçamos do nosso passado e possamos relembrar no presente com saudade.

Falei com Dona Felicia nos Estados Unidos, falei que ia fazer está crônica, tão oportuna e digna de ser registrada, pelo excelente trabalho desenvolvido em Urucará, em uma época que as pessoas tanto precisavam.

Salve os escritores e poetas

Viva a Poesia regional

Que de melhor não se tem igual.

Manaus, 04/12/2021.

José Gomes Paes

Escritor e poeta urucaraense

Membro da Abeppa

Acadêmico e fundador da Alcama.