Violência!

"Vivemos num mundo onde precisamos nos esconder para fazer amor...

Enquanto a violência é praticada em plena luz do dia." (John Lennon).

O ex-beatle John Lennon, vítima da violência ensandecida, foi assassinado por um oligofrênico, em 8 de dezembro de 1980, na cidade de Nova Iorque.

O que é violência? Segundo o Dicionário Houaiss, violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”.

No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”.

Certamente você concordará com a frase do saudoso musicólogo John Lennon, a quem hoje, na data de seu assassinato, homenageio. Todavia, quero ir mais além, pois não acredito ser rancoroso o mundo em que vivemos.

A natureza é bela e esperançosa, mas a violência estimulada pelo gênio arrebatado e irascível do ser humano é, antes de tudo, alicerçada, quiçá estimulada pelo descaso, ignomínia e irreflexão dos inescrupulosos governantes.

Esse fenômeno social degradante, diruptivo dos valores morais, é fato milenar. Sem pejo do ridículo posso afirmar que estamos cada vez mais sobrevivendo às escondidas, de forma claustral mórbida, com a esperança numa ultravida recheada de piedosa fortuna, esperando encontrar o portal da glória, acreditando ser possível o redobrar do pouco que temos, quando fazemos doações de bens materiais, conquistados a duras penas, aos viciados na indústria da mendicância.

Já nos tornamos claustrômanos e no conforto do interior de nossas moradias armamo-nos para nos protegermos, cercando nossas casas com cercas elétricas e muros altíssimos; criamos cachorros ferozes e, de quebra, contratamos pessoas para, à guisa de vigias, ficarem acordadas enquanto "dormimos com um olho aberto".

Por excederem nossas desconfianças não queremos ouvir os clamores dos verdadeiramente necessitados que agonizam em busca de abrigo, de um pedaço de pão, de uma palavra amiga, de um sorriso espontâneo, de um abraço fraterno, ou mesmo de uma prece desprovida de interesses escusos e mascarados pela maleficência.

O receio do constrangimento físico ou moral oblitera nossas mentes e endurece nossos corações. Digladiam-se nossos representantes no congresso e a doença ou mal-estar que dizem sem gravidade, em geral recorrente, e que se imagina seja um simplório achaque, em verdade trata-se de um desvio de caráter dissociado do que nos ensinaram nossos pais, através de castigos severos, quando não queríamos devolver, por inocência, o brinquedo bonito subtraído furtivamente do amigo de infância.