Me Apaixonando Por Farmácia
Em uma sexta-feira chuvosa no centro de Florianópolis, eu havia com a minha mãe voltado para casa.
Desde criança eu já sabia o que eu gostava, mas aquele dia teve algo especial, além de ser sexta-feira, eu iria comer batatas fritas e tomar uma Coca.
A minha mãe anunciou que o almoço ficaria pronto com brevidade. Ao passar pela sala, eu vi em cima do tapete verde escuro, escorado em duas cadeiras pretas, um poster do corpo humano, na verdade, O Corpo Humano, era o nome da coleção, vinha um livro branco, pequeno, e uma parte do esqueleto.
Me deitei com as mãos no rosto, e com a pernas para o ar e fiquei admirando. Com apenas 7 anos, em uma época que a internet, era recente e rara aqui no Brasil.
Quando para a minha surpresa a minha mãe me perguntou se eu tinha gostado, eu falei que sim.
A minha mãe falou para eu pegar e que depois falaria com o meu pai.
Esse foi o primeiro contato que eu tive com a área da saúde, que eu passei a gostar cada vez mais.
Durante o almoço, a minha mãe me fez um convite para assistir uma peça de teatro dos alunos dela, que iriam interpretar uma tribo indígena.
Eu respondi que sim, mas para isso eu teria que faltar a minha aula de teatro. Mesmo assim, não declinei do convite da minha mãe tão querida e especial por todas as pessoas bem resolvidas.
E no dia seguinte, a minha mãe sentou na minha cama, eu coloquei a minha cabeça na sua coxa esquerda, e comecei a ler o livro em voz alta, e a cada parágrafo ela me explicava o que aquilo queria dizer.
Poucos tempo depois, eu viajei para a minha cidade natal e encontrei com um tio-avô muito querido, Farmacêutico com F maíusculo mesmo, formado pela USP, sendo Aprovado em primeiro lugar no Vestibular.
O mesmo me mostrou em sua casa, as vidrarias, para que serviam, como eram limpas.
Os nomes na época, eram para mim, ainda criança, muito esquisitos, lembro que na época que eu voltei com a minha avó para Florianópolis, falei para minha mãe que eu gostaria de ser Farmacêutico.
Passados 27 anos depois, eu vi como eu estava á frente do meu tempo, pois em 2014, eu mudei radicalmente de vida, me formando no curso de Auxiliar de Farmácia em 13 de junho de 2014 e em agosto daquele mesmo ano, eu iniciei o meu amado e saudoso Técnico de Farmácia, que me concedeu a Aprovação em dois concursos públicos municipais.
Ao cursar o Técnico de Farmácia, um dia ao término do mês de maio de 2015, poucos dias antes do aniversário da minha mãe, o Coordenador me chamou na sala dele, para me parabenizar, pelo meu esforço e falou que na visão dos professores, incluindo uma Doutora, eu era o melhor aluno da classe.
Confesso que naquela noite eu sequer preguei o olho de tanta alegria, eu que sempre tive muita dificuldade em aprender, mas superei, lembro que pela manhã assim que eu voltei do meu trabalho, fiz questão de ligar pra minha mãe, para dar essa notícia e para a minha surpresa ela falou: ai filho e começou a chorar.
Eu acredito que morando longe era o melhor presente que eu poderia dar para a minha mãe, pelo menos naquele momento.