Eronildes Barreto Lemos (Zoma)

Eronildes Barreto Lemos, conhecido por todos nós como Zoma, trabalhou por anos no Setor de Tributos da Prefeitura Municipal de Poções, de onde saía todas as manhãs com um boné na cabeça e uma fita de medir terrenos de cor alaranjada. Também foi membro de uma das formações clássicas da Sociedade Lítero Musical Primavera de Poções, entre as décadas de 1970 e 1980. Amante das artes, gostava de falar sobre música, futebol (Flamengo, é claro) e sobre a Filarmônica Primavera. E como esquecer dele cantando as músicas de Bezerra da Silva ou solfejando os velhos dobrados que tocou com a Lítero Primavera? Dois Corações, Velhos Camaradas e Cisne Branco? O velho Zoma conhecia todos de cór.

Sabia descrever, primorosamente: as apresentações, as alvoradas, os ensaios e todas as histórias e “causos” envolvendo aquele vasto ambiente cultural da cidade de Poções, no Século XX. Como um gênio da arte, ele pintava uma tela colorida e brilhante através das histórias sobre aquela gente, que na minha cabeça, ainda estava viva dentro dele. E estava!

Nas nossas conversas, pude perceber que ele era um mestre em me fazer sentir saudades de algo que nunca tinha presenciado. Mesmo não tendo vivido todo aquele cenário cultural de perto, gostava de ouvi-lo, justamente porque ele fez parte de tudo. Zoma foi, por anos, um dos responsáveis pelos ritmos dos dobrados, marchas, valsas e boleros daquela banda maravilhosa, e por isso, tinha muitas histórias para me contar. E eu, como sempre, sedento para ouvir tudo aquilo quantas vezes ele quisesse e pudesse contar.

Ele esteve presente durante todo o processo de criação da Associação Cultural Filarmônica 26 de Junho, no ano de 2005. Nunca deixou de participar de uma reunião da filarmônica e sempre fez questão de assistir aos ensaios.

Certa vez, num ensaio de sábado à tarde, onde hoje funciona o Setor de Tributos da Prefeitura Municipal de Poções, Zoma tocou o bombo a tarde inteira, com um brilho visível nos olhos. Para ele, aquilo trazia uma sensação de pertencimento, de ligação com o passado, com os amigos e com o que mais gostava, a música.

A sua trajetória aqui neste mundo se encerrou, mas o seu legado e o seu amor pela música, que por muitas vezes compartilhou comigo, jamais serão esquecidos. Por onde quer que o velho Zoma passasse, era motivo de alegria. Saudades, velho amigo!

Antonio Leandro Fagundes Sarno
Enviado por Antonio Leandro Fagundes Sarno em 06/12/2022
Reeditado em 06/12/2022
Código do texto: T7665752
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