Erasmo Carlos
No princípio da minha adolescência eu pouco conhecia de música. Gostava do cantor português Francisco José, porque minha mãe era entusiasmada poe ele (com razão, diga-se de passagem). Quanto ao rock, até onde lembro meus pais achavam esse gênero "música de malucos" e eu seguia a opinião deles.
Até o dia em que a Rita Pavone apareceu no Rio de Janeiro e cantou na TV Rio, numa apresentação que marcou época.
Só então comecei a ouvir programas de rádio do que então chamavam "música jovem". Rita Pavone, com seu jeito diferente e revolucionário (no bom sentido) mudou a minha vida para sempre.
Comecei a prestar atenção em outros artistas como Elvis Presley, descobri Ronnie Cord, Demétrius, Ed Wilson. Eu conhecia as canções "Banho de Lua" e "Estúpido Cupido", mas nem sabia que a cantora chamava-se Celly Campelo. Também descobri o seu irmão, Toni Campelo. E o Rossini Pinto.
Aí escutei na rádio "Minha fama de mau" com Erasmo Carlos. Gostei do estilo chistoso dessa e de outras gravações, como "Alô benzinho", uma obra-prima onde o Erasmo era um infeliz que tentava inutilmente se explicar para a namorada no telefone, mas ela fazia uma algaravia furiosa e ininterrupta, era um efeito especial sonoro com a voz humana distorcida. Por causa disso o Erasmo não podia apresentar em público, mas na rádio tocou muito. É um sucesso esquecido do Erasmo, mas uma de suas melhores gravações.
Eu acompanhei muito o Erasmo e o Roberto, que fizeram talvez a mais famosa parceria de compositores brasileiros. O Roberto Carlos gravou muitas dessas composições, algumas sensacionais como "Amigo".
E veio o programa de tv "Jovem Guarda", de saudosa memória e que eu acompanhei religiosamente.
Com o tempo deixei de acompanhar o Erasmo Carlos, a não ser esporadicamente. Algumas de suas gravações já não me agradavam tanto e eu me dedicava cada vez mais à Rita Pavone, cujos discos colecionei.
Mas ficou o respeito por quem se dedicou tanto ao rock brasileiro e que assina tantas canções de valor.
Que Deus o receba.